Documentos encontrados em buscas na casa do sargento Ronnie Lessa indicam que ele negociava a compra de armas de empresas estrangeiras “americanas, alemãs, chinesas e inglesas”, segundo a promotora Simone Sibilio. A informação foi obtida em e-mails de Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes. Equipes do Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Rio (MPRJ), coordenados por Simone, trabalham para rastrear a origem dos 117 fuzis apreendidos pela Polícia Civil na casa de Alexandre Motta. Amigo de Lessa, ele é apontado como suspeito de agir como laranja do PM. A informação foi dada em entrevista ao programa “Painel”, da Globonews.
— A investigação nos levou ao maior contrabandista de armamento. Essa investigação nos levou a Operação Intocáveis. Como essa pessoa entra com esse armamento? De quem ele compra? Pra quem ele vende? Quem mais está envolvido? Como ele se mantém? Quem vai suceder Ronnie Lessa? — questiona a promotora durante o programa.
A investigação sobre a origem do arsenal e para quem Lessa vendia as armas está a cargo da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (DESARME). Foram encontradas na casa do militar documentos que podem vir a caracterizar tráfico internacional. Caso a suspeita seja confirmada, a Polícia Federal pode assumir o caso.
Ao Globo, o delegado titular da Desarme, Marcus Amim, afirmou que até então há apenas indícios de que a origem possa ser de outro país.
— (Os e-mails encontrados com negociação) Não quer dizer que a compra tenha sido efetivada — comenta.
Segundo Simone, o PM reformado comprava partes dos fuzis em pequenas remessas para não chamar atenção. Uma mesa de montagem de fuzil foi apreendida em um imóvel próximo ao do Alexandre.
Fernando Santana, advogado responsável pela defesa de Ronnie Lessa, alegou nesta quinta-feira, que os 117 fuzis incompletos encontrados na casa de Alexandre são armas de airsoft.
O número de armas apreendidas pela Polícia Civil na casa de Alexandre Motta são um recorde no estado. No dia da operação o governador Wilson Witzel comemorava a marca de, até então, 100 fuzis aprendidos no ano.
Conexão com o ‘Senhor das Armas’
Uma perícia realizada pela DESARME aponta que há semelhanças entre um dos modelos contrabandeados pelo “Senhor das Armas”, Frederik Barbieri, e os fuzis apreendidos na casa em que Alexandre, um dos presos, morava no Méier.
— Um dos sessenta fuzis apreendidos no Galeão é parecido com os encontrados na casa de Alexandre, ligado ao Lessa. Isso que dizer que podem ter a mesma origem, Estamos investigando uma possível ligação entre as armas — afirma o delegado Marcus Amim, titular da especializada.
Quando os fuzis de Barbieri foram apreendidos no Brasil, a polícia rastreou a origem das armas e chegou, através do número de série delas, até uma loja em Fort Pierce, na Flórida (EUA). No estabelecimento, tiveram acesso a câmeras de segurança e flagraram Barbieri fazendo compras.