Jornal Povo

A tecnologia e o Candomblé do século atual

Bàbá Júnior D’Jàgún

Sempre muito oral, o Candomblé moderno vai ganhando novos contornos e vai procurando se adequar sem perder suas tradições.

O número de jovens adeptos é cada vez maior e muitos optam por buscar informações na internet antes de procurar uma casa de àṣẹ.

Dono de uma das lives mais populares do YouTube e demais redes sociais, o Bàbálorìṣá Júnior D’Jàgún contou um pouco de sua história e sua visão sobre o assunto.

O Bàbá, iniciado a 27 anos no Àṣẹ Tumba Junsara, acabou por herdar a casa de seu pai carnal e também Bàbáloriṣá, o saudoso Miguel de Belzebu. Hoje, com filhos e netos, nos concede uma bacana entrevista.

Bàbáloriṣá Júnior D’Jàgún

Nome e onde nasceu?

– Miguel Júnior. Nasci em Niterói, no estado do Rio de Janeiro.

Qual é a descendência de seu àṣẹ?

– Meu àṣẹ descende da casa do saudoso Bàbá Waldomiro baiano, o Ilê Ase Baru Lepe, que descende das águas do Ganthois, Ilê Ase Omi Iyamasse.

Como vê o uso da internet entre os jovens de Candomblé?

– A internet é uma faca de dois gumes. Da mesma forma que elucida, cria dúvidas. O candomblé evolui sempre e hoje o candomblé é repleto de jovens. Com isso a tecnologia está amarrada à esse fato. Desde que se respeite os hábitos daquele ẹgbẹ́ e não traga conflitos para dentro do mesmo, a internet é necessária sim.

Qual a importância de sanar as dúvidas dos novos adeptos religiosos?

– Sempre foi necessário ensinar. Antigamente as pessoas (àgbàs) não ensinavam e, ainda sim nós, filhos daquela época, sabíamos esperar. Hoje o jovens têm necessidade e pressa de aprender. Como digo sempre, se não formos pai dos nossos filhos, o vizinho será. Então devemos sim, talvez não dar todo saber de uma vez, mas temos que ensinar e ter para ensinar cada vez mais.

Qual sua posição na casa do Bàbá Mauro D’Oṣun e em que você acredita somar dentro do ẹgbẹ́?

– Sou Bàbá kékeré do Àṣẹ Yponda. Exerço a função a 14 anos. O meu papel dentro do ẹgbẹ́ é, juntamente com o Bàbá, formar os neófitos, ẹ̀gbọ́ns, Bàbá e Ìyá que participam desse ẹgbẹ́. Para que esses formem, futuramente, sua própria família. Embasada em um ensinamento fiel e empírico.

Deixe um recado aos jovens interessados em conhecer a cultura Candomblecista:

– A nossa religião é única, linda e perfeita. Respeitem sempre sua bandeira, seu ẹgbẹ́ e seus pais. Ser pai e mãe é difícil, então compreendam que quando brigamos só queremos o bem melhor para cada filho. Lembrem-se, todos os filhos que trocam de casa por suposta culpa do Bàbá, Ìyá ou irmão, acredite, irá encontrar com certeza os mesmos problemas no próximo ẹgbẹ́. Talvez até mais.

Contato Bàbá Joaquim D’Ògún

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