Um assalto na Rua Adolfo Bergamini, no Engenho de Dentro, na Zona Norte, assustou centenas de pessoas que estavam numa fila de emprego na madrugada desta quinta-feira. Dois homens armados que roubaram um carro na região levaram pânico ao local. Algumas pessoas foram pisoteadas durante a correria, mas ninguém se feriu.
De acordo com testemunhas, cerca de 100 pessoas aguardavam a distribuição de senhas para uma fila de emprego, em frente à Escola de Samba Arranco, quando por volta das 5h dois homens roubaram um veículo na Rua Pernambuco. A 350 metros do assalto, alguns desempregados, com medo, correram para o Hospital American Cor, para se abrigarem.
Josiane Teixeira Pereira, de 41 anos, estava na fila desde as 23h30 e presenciou o roubo. Ela está desempregada há dois anos e, depois do susto, espera sair empregada do local.
“Alguns pedestres saíram correndo, gritando ‘é assalto’ e todo mundo pensou que era arrastão. Vimos os homens armados e saímos em direção ao hospital. Nem na fila de emprego os bandidos dão trégua, estou procurando qualquer tipo de emprego”, desabafou Josiane.
Romário Luiz Monteiro, de 30 anos, é morador da comunidade do Jacarezinho, na Zona Norte, e está desempregado há 8 meses. Ele estava na fila quando foi pisoteado no tumulto.
“Tomei um susto com as pessoas correndo e algumas passaram por cima de mim, já que eu estava deitado num papelão no chão. Pensei que tinham aberto a porta [da distribuição de empregos], mas eram as pessoas desesperadas. Quando olhei, vi os dois caras entrando no carro e fugindo.”
Flávia Cristina Souza, de 35 anos, também aguardava na fila durante a madrugada e reclamou da falta de segurança no local. Desempregada há 8 meses, ela saiu de Guadalupe para buscar uma oportunidade de trabalho.
“É um absurdo a gente sair de casa de madrugada, desempregada, com dinheiro contado e ainda passar por esse susto. A gente vê que não tem policiamento e por pouco a gente não é assaltada também”, reclamou.
Segundo Paulo Vasconcelos, coordenador da Comunidade Católica Gerando Vidas, responsável pela distribuição das vagas de serviços gerais, comércio e saúde, a “situação está desesperadora”. Ao todo, são 500 oportunidades disponíveis e, a uma hora da entrega dos currículos, 250 pessoas já estavam no local.
“Vêm pessoas do Grande Rio e do estado inteiro. Atingimos um nível de desemprego tão alto que as pessoas estão topando qualquer coisa”, ressaltou.
O coordenador também reiterou que nenhuma pessoa que estava na fila foi assaltada. A Polícia Militar informou que o 3°BPM (Méier) não foi acionado.