Depois de o governo do estado ter usado dinheiro recuperado pela Operação Lava Jato no Rio, o prefeito Marcelo Crivella também tenta o mesmo benefício. Em pedido à Justiça, a prefeitura quer a devolução de recursos desviados dos cofres públicos na construção da Transcarioca e do BRT Transbrasil, assim como na recuperação ambiental da Bacia de Jacarepaguá.
O valor estimado está em torno de R$ 700 milhões. Esses recursos poderão ser utilizados de várias formas, como na manutenção das áreas de saúde, educação, mobilidade, pagamento aos servidores e demais investimentos na cidade.
A Procuradoria-Geral do Município informou que solicitou à 7ª Vara Federal Criminal do Rio, que julga os processos relativos à Operação Lava Jato, que os recursos sejam repassados ao município. De acordo com a PGM, em parecer, o Ministério Público Federal afirmou não haver “nenhum motivo para discordar que os valores entregues à Justiça pelos colaboradores, que estão à disposição da 7ª Vara Federal Criminal, devem ser devolvidos ao Município”.
O Ministério Público Federal informou que fez uma manifestação dizendo que os valores pertencem aos cofres públicos, mas que o rateio depende da concordância dos demais interessados, União e Estado. O juiz Marcelo Bretas deverá analisar o caso. Já a Justiça Federal do Rio explicou que a Procuradoria do município entrou com vários pedidos na 7ª Vara Criminal Federal, mas em nenhum momento houve decisão de Bretas de repassar esses valores. Os governos estadual e federal também já pleitearam a devolução de recursos recuperados pela Lava Jato.
Em fevereiro, o governador Wilson Witzel solicitou que os R$ 80 milhões resgatados da Operação Ponto Final, um desdobramento da Lava Jato que investigou a corrupção nos transportes públicos, fossem destinados à Segurança Pública do estado. Em 2017, a 7ª Vara Federal Criminal autorizou o uso de R$ 250 milhões recuperados pela operação no Rio para o pagamento de 140 mil servidores inativos do estado, que recebiam até R$ 3.200.
O dinheiro fazia parte de um montante de cerca de R$ 320 milhões que foram recuperados durante a investigação de um esquema de corrupção envolvendo o ex-governador Sérgio Cabral.
Em abril deste ano, Crivella pediu ao Supremo Tribunal Federal a liberação de metade dos R$ 2,5 bilhões resultantes de acordo entre a Petrobras e a força-tarefa da Lava Jato. Entre os argumentos, o prefeito citava a “destruição” de mais de 500 mil postos de trabalho desde o início da Lava Jato. Na ocasião, ele argumentou que o município foi o mais afetado pelos efeitos da operação.