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Caso Alexandre Duarte: Testemunha afirma que policiais já chegaram na comunidade dos Tabajaras atirando

Músico e diretor de escola de samba morreu com um tiro no peito enquanto estacionava seu carro. Corporação alega que apenas revidou disparos de traficantes.

Por: Hyago Santos

Uma testemunha da morte de Alexandre Duarte, diretor da Unidos da Vila Rica morto na última quarta-feira (17) durante confronto na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, Zona Sul do Rio, disse que os agentes já chegaram na localidade atirando. Alexandre foi atingido com um tipo no peito enquanto estacionava seu carro.

A testemunha, que não quis ter seu nome revelado por medo de represália, relatou  que Alexandre seguia dirigindo pela comunidade em direção ao projeto social para mais de 500 crianças, onde era o diretor e dava aulas de percussão. Eles passaram pela base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da região e em seguida estacionou o veículo.

“Ele resolveu nos levar no morro.  Subiu falando com todo mundo. Passamos pela base da UPP e tinham alguns policiais. Quando subimos mais um pouco ele estacionou o carro e disse que iria encontrar o Guga, que é o presidente da Associação de Moradores e pediu para esperá-lo dentro do carro”, relata.

Ainda de acordo com relatos da testemunha, em determinado momento um rapaz alertou a traficantes que estavam nas ruas que a polícia estava subindo na comunidade. Um desses traficantes teria dado disparo para o alto e todos ali se dispersaram. Quando isso aconteceu, ele disse que a polícia já abriu fogo.

“A polícia subiu atirando para todos os lados. O Alexandre entrou dentro de um bar e eu e mais duas pessoas ficamos dentro do carro, e,  quando deu, fomos para de baixo de uma laje. Quando fomos ver onde o Alexandre estava, os policiais já vieram descarregando tiro na gente. Caiu lasca de concreto em cima de mim e das pessoas que estavam em cima de mim, nos machucou”, relata.

A testemunha diz que os disparos duraram aproximadamente três minutos. Ao cessarem os tiros, conhecidos de Alexandre disseram que haviam baleado o ‘Pressão’, como ele era conhecido. Há relatos também de que a PM se negou a prestar socorro a vítima, que foi levado ao Hospital Copa Dor por moradores da comunidade, mas não resistiu aos ferimentos. Ele deixa a esposa e três filhos.

Em nota, a PM disse que os policiais da UPP Tabajaras/Cabritos realizavam patrulhamento de rotina na comunidade quando foram recebidos a tiros por criminosos armados e revidaram, o que ocasionou o confronto. Além disso, a polícia ainda disse que foi informada de que uma pessoa havia sido ferida e levada para uma unidade hospitalar da região. Não foram registradas prisões na incursão. O policiamento foi reforçado aos arredores da localidade.

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