Maurício Aires Vieira foi hostilizado ao tentar entrar na sala da direção, no câmpus do Maracanã. Resultado da eleição de maio chegou a ser homologado, mas União alega que eleição está sob “análise administrativa” e designou chefe temporário.
Alunos do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ) realizaram um protesto, na manhã desta segunda-feira (19), contra o novo diretor-geral da instituição.
Maurício Aires Vieira foi recém-nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro, após indicação do ministro da Educação, Abraham Weintraub. Aires Vieira era assessor de Weintraub e foi foi vice-reitor da Unipampa.
O novo diretor chegou ao câmpus do Maracanã por volta das 9h45 e foi hostilizado. Estudantes fizeram um cordão de isolamento na porta da sala da direção. Aires Vieira deixou a unidade duas horas depois.
Consulta pública indicara outro nome
Desde a semana passada, a mudança no comando do Cefet tem motivado protestos.
Uma consulta pública no fim de abril entre a comunidade acadêmica – alunos, professores e funcionários – teve como vencedor Maurício Saldanha Motta. O resultado chegou a ser homologado pelo Ministério da Educação.
No entanto, Saldanha Motta não foi empossado. Por indicação de Weintraub, Aires Vieira foi o escolhido de Bolsonaro.
Segundo o MEC, Aires Vieira foi designado porque as eleições do Cefet são alvo de uma “análise técnica”.
“Foi designado o Diretor-Geral Pro Tempore para que seja dada continuidade nas atividades administrativas da instituição”, informou o MEC.
“Nós estamos aqui para resolver uma situação momentânea, nós estamos aqui para resolver uma situação momentânea”, disse Maurício Aires Vieira ao deixar o prédio.
Denúncias de intervenção
Professores e alunos afirmam que o resultado da eleição não foi respeitado.
“Nós não estamos aceitando a intervenção do governo federal que está sendo realizada no Cefet, teve eleições aqui no CEFET foi indicado o nome e recentemente no dia 15 de agosto o governo nomeou um interventor do Rio Grande do Sul”, disse o professor Rômulo Castro.
“A gente não aceita a nomeação do interventor. Nunca deu aula aqui, nunca pisou aqui e não conhece a comunidade acadêmica”, afirmou Cristian Nunes, presidente do Diretório Central dos Estudantes.
Eleição disputada
A disputa em maio, com vitória de Maurício Motta, foi vencida por uma diferença de apenas 40 votos.
Em nota, o Cefet afirmou que, em 28 de junho, o ex-diretor-geral do Centro e Maurício Motta se encontraram com o secretário de Educação Profissional e Tecnológica da Setec, Ariosto Antunes Culau, que teria garantido que “a expiração do mandato não resultaria em problemas, referendando o então vice-diretor e candidato eleito, Mauricio Saldanha Motta, como vice-diretor em exercício da Direção-geral”.
No entanto, segundo fontes no Cefet, o segundo colocado na eleição de maio teria entrado com um recurso no MEC, contestando o resultado.
Na nota em seu site, o Cefet afirma que tramitou no MEC um “processo de recurso contra as eleições internas a que o candidato eleito não pôde ter acesso”.