Jornal Povo

Parente de sequestrador de ônibus na Ponte Rio-Niterói pediu desculpas a reféns em encontro após ação.

Hans Muller Moreno do Nascimento, de 34 anos, era um dos reféns e descreveu momentos de tensão em ônibus.

RIO – Um parente de Willian Augusto da Silva , de 20 anos, que manteve como reféns os passageiros de um ônibus com 37 pessoas na Ponte Rio-Niterói na manhã desta terça-feira, pediu desculpas aos vítimas do sequestro em um encontro após o fim da ocorrência. A ação terminou com o sequestrador morto e sem nenhum refém ferido.

– Quando estávamos na delegacia, na sede da PRF na Ponte, um parente dele foi lá dar um depoimento para gente, para pedir desculpa. Esse parente dele falou que ele tinha problemas de depressão, problemas mentais, alguma coisa assim – afirmou Hans Muller Moreno do Nascimento, de 34 anos, feito refém durante o sequestro.

Nascimento é professor, mora em São Gonçalo e estava a caminho de Santa Cruz quando o sequestro aconteceu. Ele afirma que percebeu a presença de Silva na altura da Ilha do Mocanguê.

– Ele estava falando com o motorista e depois ele levantou a arma e falou ‘não quero os pertences de vocês, não quero machucar ninguém. Só quero entrar para história e, no final do dia, vocês vão ter muita história para contar’. Aí,chamou a passageira e falou: ‘bota isso aqui no pulso de cada um (fazendo referência a uma braçadeira de plástico). Se todo mundo colaborar, ninguém vai se machucar.

O professor contou que o sequestrador não parecia alcoolizado e se manteve tranquilo durante toda a ação. De acordo com Nascimento, Silva trazia consigo uma bolsa onde levava uma garrafa de gasolina e outra de energético. Ele tomava goles da bebida a todo momento. Além disso, Silva contava com um rádio, uma faca tática de cerca de 40 centímetros e, com a ajuda de uma passageira, amarrou todos que estavam no ônibus.

– Logo que ele entrou, ele passou o spray no vidro da frente, no parabrisa do ônibus, pegou uma faca e quebrou a câmera do ônibus. Por isso, algumas pessoas desceram. Por conta da tinta, as pessoas passaram mal – relatou Nascimento – Apesar de estarmos com as mãos atadas, ele deixou que a gente mexesse no telefone. Eu consegui me soltar e consegui trocar mensagens com familiares, com esposa.

Num dos momentos do sequestro, Silva perguntou aos passageiros do ônibus se algum deles fumava. Após o sinal positivo de um deles, ele pediu um isqueiro emprestado e acendeu um coquetel molotov que, logo em seguida, foi lançado para o lado de fora do veículo – assustando quem estava dentro e fora do coletivo.

Na opinião do refém, uma das partes de maior tensão do sequestro foi o desfecho:

– Ele descia da escada, aquela escada do lado do motorista, ele descia algumas vezes. Ele chegou a descer umas duas ou três vezes. Em uma dessas vezes ele desceu e pensamos que era mais uma dessas vezes e aí nós ouvimos os tiros. Aí, todo mundo se abaixou. Ficou aquela gritaria, todo mundo chorando e tal.