Em meio ao imenso engarrafamento formado em Niterói por conta do sequestro do ônibus 2520 na Ponte, Stephany Guimarães, de 26 anos, entrava em trabalho de parto para dar à luz sua primeira filha menina, Morena Beatriz. Dentro do carro, na Avenida do Contorno, a manicure já sentia fortes contrações por cerca de cinco horas, quando o motorista de aplicativo que a levava para o hospital resolveu chamar um guarda municipal. André Luis Taranto, 39, até tentou acionar uma ambulância, mas com a urgência do caso, não pensou duas vezes: colocou a gestante na garupa da moto e, em poucos minutos, chegou com ela na emergência.
“Foi um anjo que apareceu na minha vida e na da minha filha. Estava desesperada, com muitas dores. Achei que ia parir no carro. Logo quando cheguei ao hospital, a bolsa estourou. Tanto dia para nascer, Morena escolheu um tão complicado. Nunca conseguirei agradecer a todo esse carinho do guarda”, conta a mãe.
Morena nasceu às 13h44, com 47cm e 2.890kg, esbanjando saúde e cabelos. Taranto, que visitou a pequena duas vezes após o nascimento, já é quase considerado um membro da família. “Em quatro anos na Guarda, nunca passei por uma adrenalina e responsabilidade parecida. Sei que optei pela atitude certa, uma sensação de dever cumprido. Me seguro para não chorar”, diz ele.
O agente do grupamento motorizado de trânsito ainda retornou para buscar o pai de primeira viagem, Ronald de Oliveira, de 20 anos.
“Fico muito feliz de ter ajudado essa família. Minha ficha só caiu quando vi foto da Morena horas depois e percebi que valeu a pena”, acrescenta o guarda, pai de um menino de 11 anos.