Jornal Povo

Lojista negro é impedido de sair de shopping e afirma ter sido vítima de racismo

Um homem negro que trabalha no Shopping RioSul, em Botafogo, Zona Sul do Rio, foi impedido de sair por um segurança na noite desta quinta-feira (21).

O vendedor Emerson Delgado deixava o estabelecimento no momento em que um cliente teria fugido de um restaurante sem pagar.

O vigilante, então, o abordou “para averiguação”, mantendo a mão na arma, que estava no coldre. “Tô segurando a arma pra arma não cair”, alegou.

“Eu tenho direito de ir e vir. Com a cor que eu tiver. Com a roupa que eu tiver. Com a bolsa que eu tiver!”, diz Emerson, na abordagem.

Segundo testemunhas, a segurança do shopping informou aos vigilantes para que atentassem a um homem alto, careca, com duas caixas de papelão na mão — sem distinção de cor — suspeito de dar calote.

“O cara não disse cor de quem tinha saído do restaurante sem pagar a conta. Eu ainda estava com duas bolsas pretas. Uma de cada lado. Não tinha nada que remetesse a um papelão ali”, descreveu Emerson.

As testemunhas da abordagem chamaram a polícia porque acreditam que foi um caso de racismo. Todos foram trazidos à delegacia. O segurança foi liberado.

Apesar dos depoimentos, o caso foi registrado como “fato atípico” — ato que não é considerado crime por não estar previsto em lei.

Laila Domith, advogada de Emerson, entende que, além de racismo, o segurança cometeu outro crime.

“Eu presenciei que tinha um segurança impedindo a passagem dele. Isso já configura cárcere privado. Ele estava com uma arma no bolso”, afirma.

“A gente vê notícia e acha que nunca vai acontecer com a gente. Aconteceu comigo. Minha cor negra falou mais alto na hora do ‘Vou abordar ele. Só pode ter sido ele!’”.

O Shopping RioSul divulgou nota em que “reafirma a postura contra todo e qualquer tipo de preconceito”.

O estabelecimento esclareceu que está apurando todos os fatos para seguir com as medidas necessárias.

Via: G1