Jornal Povo

Desfile de jogadores do Flamengo é encerrado com grande tumulto no Centro

Um tumulto generalizado ocorreu por volta das 16h25 durante as comemorações do Flamengo pela conquista da Taça Libertadores das Américas no Centro do Rio. Torcedores e policiais militares entraram em confronto na altura do número 2.700 da Avenida Presidente Vargas, próximo do prédio popularmente conhecido como Balança Mas não Cai. Houve correria entre o público. Antes do início do tumulto, o ônibus do Flamengo desviou para a Rua de Santana, na contramão, que já estava interditada.

Após o início da ação, crianças precisavam se esconder em locais improvisados. Os torcedores que seguiam o time reclamaram da truculência da Polícia Militar na ação:

— Estava tudo tranquilo e cheio de crianças e aí a PM começou a jogar bombas de gás e efeito moral. Estão acabando com uma festa linda — lamentou o porteiro Felipe Santos.

O servidor público Alexandre Anjos, que foi acompanhado de toda a família, também apontou o andamento tranquilo da festa até então.

— A gente está achando desproporcional a atitude da polícia. Não sabemos exatamente o que aconteceu, mas até então estava uma festa com um ambiente super familiar. Agora é encostamos aqui no posto, pra ficar na boa e dispersar devagar — diz Anjos.

O garçom Marcelo Lima saiu de Bonsucesso com os filhos de cinco e sete anos para celebrar a vitória do Flamengo e se surpreendeu com o tumulto na dispersão.

— Estava curtindo a vitória com eles, aí de repente começou tudo isso. Muito spray de pimenta, toda essa confusão.

Segundo torcedores, o tumulto começou quando o trio elétrico que levava os jogadores saiu da Avenida Presidente Vargas e entrou na Rua de Santana. O planejamento divulgado pela PM, na última sexta-feira, previa que o fim da comemoração seria no “monumento a Zumbi do Palmares, na Praça XI, onde será o ápice e o término da comemoração”, segundo texto publicado no site da corporação. O monumento a Zumbi fica a 200 metros da Rua de Santana e muitos torcedores se aglomeravam depois do ponto onde a festa acabou.

No momento em que o veículo saiu da via principal, por volta das 16h15, o som foi cortado. De acordo com torcedores, uma multidão que ainda não havia conseguido se aproximar dos jogadores ficou entre PMs que faziam um cordão de isolamento e o trio elétrico. Em nota, a PM alega que “não foi respeitada a interdição de vias a partir da Rua de Santana estabelecida para o término do evento”. A corporação também afirma que “vândalos arremessaram diversos objetos – garrafas, pedras, pedaços de madeira entre outros – contra os policiais militares, sendo necessário o uso de armamento de menor potencial ofensivo para conter as pessoas que avançavam para o local interditado”.

Policiais militares que estavam no local, entretanto, não usaram somente armamento não-letal: alguns agentes chegaram a apontar pistolas e fuzis contra torcedores. Por volta das 17h20, o tumulto foi dispersado. Pela Rua de Santana, o trio elétrico foi até o Batalhão de Choque, onde os jogadores foram embora num ônibus do Flamengo. No local, PMs afirmaram que o cortejo não foi até a estátua de Zumbi por uma escolha do Flamengo.

Na ação, um policial militar sofreu um deslocamento no ombro. Ele foi socorrido ao Hospital Central da Polícia Militar (HCPM) e está em estado estável.

Um servidor público, que preferiu não se identificar, conta que a confusão teve início quando a torcida começou a se aproximar do cordão de isolamento feito pela polícia para proteger o trio elétrico. Em uma tentativa de afastar a multidão, a segurança passou a usar gás pimenta. Os torcedores passaram então a atirar garrafas contra os políciais, que revidaram com bombas de efeito moral.

Segundo o secretário municipal de Ordem Pública, Gutemberg Fonseca, a confusão no festejo do Flamengo na avenida teve início quando parte da torcida tentou furar um bloqueio da Polícia Militar, na Rua de Santana, para continuar acompanhando os jogadores. O desfile em carro de som que trazia os jogadores seria encerrado naquele trecho, quando o veículo dobraria na via e, em seguida, o cordão da PM se formaria para isolar o carro de som do restante da torcida.

— Já estava na hora do desfile acabar. O problema é que, quando o carro de som virou na Rua de Santana, uma pequena parte da torcida tentou acompanhar, para continuar perto dos jogadores. Jogaram pedras portuguesas e latas de cerveja contra os policiais, que reagiram com bombas de efeito moral — diz o secretário municipal de Ordem Pública, Gutemberg Fonseca.

Na confusão que se formou na Avenida Presidente Vargas, uma viatura da Guarda Municipal deu ré e atropelou um agente. Nesse momento, o trio elétrico onde estava o time do Flamengo saiu da avenida e, por vias menores, levou os atletas ao Batalhão de Choque, na Rua Frei Caneca. O governador Wilson Witzel também estava na comitiva, e, assim como os jogadores, desceu do veículo no edifício da Polícia Militar.

Via: Jornal Extra