O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) abriu um procedimento para investigar uma denúncia de negociação de propina na Prefeitura do Rio. A informação foi publicada pelo jornal O Globo, nesta segunda-feira (2).
De acordo com a reportagem, um escritório era usado para as negociações. O MP investiga se o prefeito Marcelo Crivella tem envolvimento com os acordos ilícitos.
O esquema foi delatado pelo doleiro Sérgio Mizhay, preso na operação Câmbio Desligo, um desdobramento da Lava Jato no Rio.
No depoimento, Mizhay chama o escritório de “QG da propina”. De acordo com a reportagem, o operador do esquema é Rafael Alves, empresário e irmão de Marcelo Alves, presidente da Riotur desde o início da gestão de Marcelo Crivella. Ele não possui cargo na prefeitura.
A reportagem pediu uma nota à Prefeitura do Rio, mas ainda não obteve retorno. O presidente da Riotur, Marcelo Alves, disse que não vai se manifestar. O RJ1 não conseguiu contato com Rafael Alves e nem com a empresa Locanty.
De acordo com o delator, empresas que tinham interesse em fechar contratos ou tinham dinheiro para receber do município procuravam Rafael no suposto “QG da propina”. Elas deixavam cheques e, em troca, ele intermediava o fechamento de contratos ou o pagamento de valores que o poder municipal devia às elas.
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, homologou o acordo de delação de Mizhay, que depois foi confirmado pela desembargadora Rosa Maria Helena Guita, do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ).
O MP-RJ afirmou que recebeu do Ministério Público Federal (MPF) documentos que citam autoridades com foro em delações premiadas. E que imediatamente iniciou as investigações, que estão sob sigilo. Entre elas, está um procedimento para apurar o envolvimento de Crivella com Rafael Alves.
O jornal afirma que Rafael se tornou um dos homens de confiança do prefeito após ajuda-lo a viabilizar a doação de recursos de empresas e pessoas físicas na campanha de 2016, que o levou à prefeitura.
Imagens publicadas por O Globo mostram Crivella e Rafael Alves caminhando juntos na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. De acordo com a publicação, estas imagens estão nas mãos dos promotores do caso.
Em um trecho citado na reportagem, o doleiro afirmou que: “Rafael Alves viabiliza a contratação de empresa para a prefeitura e o recebimento de faturas antigas em aberto, deixadas pela gestão do antigo prefeito Eduardo Paes, tudo em troca do pagamento de propina”.
O doleiro afirmou que Rafael Alves entregava a ele semanalmente cheques de prestadores de serviço da Prefeitura do Rio, para receber depois os valores em espécie.
Um dos cheques, segundo ele, referia-se à propina paga pela empresa Locanty, especializada em serviços como limpeza, coleta de lixo e locação de veículos, que ainda tem recursos para receber da gestão passada.
Para comprovar o depoimento, o doleiro disse que nos dias 10 e 11 de maio do ano passado, dois funcionários da Riotur estiveram na casa dele para “resgatar” com sua mulher cheques destinados ao pagamento de propina da Locanty.
De acordo com a reportagem do jornal, os funcionários são Thiago Vinícius Martins Silva e Jones Augusto Xavier de Brito. O doleiro não soube dizer se Crivella sabia da existência do “QG da propina”.
Via: G1