O telefone de Odair Hellmann tocou na terça-feira. O contato era do presidente do Fluminense, Mário Bittencourt. Depois de receber indicações e referências no mercado, o advogado queria conversar com o ex-treinador do Internacional que estava na Granja Comary para curso de técnicos em Teresópolis.
A negociação fluiu e foi fechada a jato. Da reunião próxima da sede da CBF na região serrana para o anúncio tricolor foram poucas horas. E um detalhe: fecharam sem contrato assinado. Apenas nesta quinta-feira os representantes do treinador vão colocar no papel o acordo por um ano – válido até dezembro de 2020.
Mário e Paulo Angioni, que acompanhou o presidente na conversa em Teresópolis, saíram no fim da noite de volta para o Rio de Janeiro com tudo certo. Na mesa, Odair escutou promessa de pagamentos em dia para o grupo, com a ressalva de que a folha salarial pode ser mais enxuta que a deste ano. A solução de parte de dívidas trabalhistas do clube nos últimos dias é sinal de alívio para o Fluminense.
O treinador e Maurício Dulac, seu auxiliar, também fizeram breve apresentação de metodologia de trabalho, de ideias e conceitos do futebol. Já nessa quarta-feira, eles receberam relatório sobre o time, com mais informações sobre o elenco. E se debruçaram a discutir nomes com Mário e Angioni. Marcão, que está na Granja também estudando no curso da CBF, vai participar ativamente ao lado da dupla.
Odair vai planejar o elenco junto com a direção do futebol. Ele já sabe que o Fluminense tem dificuldade para manter jogadores que estão emprestados e foi avisado de eventuais saídas. Com a promessa de todos esforços para pagamentos em dia condicionada a um elenco mais barato, o treinador analisa alguns nomes. Falaram sobre Ganso, Nenê e até a possibilidade de um retorno de Fred – embora não exista negociação entre o clube carioca e o ídolo bicampeão brasileiro pelo Fluminense.
Com duas caras novas, a comissão técnica do Fluminense sofre ainda mais mudanças. Marcão volta a ser auxiliar e comandará, também, o time de aspirantes que será formado para a próxima temporada. Ailton sai do futebol principal a volta a ser coordenador na categoria sub-20. Contratado em outubro, Daniel Cerqueira pode deixar o clube. Ele costuma integrar a equipe do técnico Cuca e pode acompanhar o treinador em um outro clube.
Antes do acerto, o nome de Odair apareceu no noticiário do Fluminense mais cedo nesta temporada. O treinador foi sondado em novembro, quando o presidente Mário Bittencourt e o vice Celso Barros pararam de falar a mesma língua e Marcão balançou no cargo. Na época, ele negou. Mas, não escondeu o lado carioca e a vontade de voltar ao Rio de Janeiro.
– Talvez eu venha fixar residência aqui, em um futuro próximo. Se dependesse da minha mulher, seria na semana que vem. Ela se adaptou bem. A gente sempre voltou, passamos férias aqui. Em algum momento, vou morar aqui. A cidade proporciona trabalho e lazer. Dá para equilibrar o profissional e o pessoal – disse, há um mês, ao GloboEsporte.com.
É que esta não é a primeira vez que o hoje treinador pousa em terras cariocas. Odair já foi jogador do Fluminense. Em 1999, fez parte do grupo que tirou o Tricolor da Série C do Campeonato Brasileiro. Naquela temporada, ele fez 31 jogos e marcou dois gols, contra Dom Pedro II e Tupi.
– Foi um momento difícil e histórico. Imagina um clube gigante e com história linda como o Fluminense cair para a Série C. Me lembro que o Parreira assumiu, com toda a comissão que foi campeã do mundo em 1994. (…) Foi emblemático. Era muita pressão em todos os jogos. Surgiu o Roger, tinha o Marco Brito, Bruno Reis, Roni, Magno Alves… era essa a turma. Foi um resgate do Fluminense – completou.
O novo técnico ainda não tem data para ser apresentado pelo Fluminense. Odair segue até a próxima semana em Teresópolis, onde termina o curso para ganhar a licença Pro da CBF. O grupo tricolor está de férias e volta aos trabalhos em janeiro. A primeira rodada do Campeonato Carioca está marcada para o dia 22.
Via: Globo Esporte