O sargento do Corpo de Bombeiros Marcio Simas, de 44 anos, é acusado pela ex-mulher de ter agredido e raspado parte do cabelo da filha, uma adolescente de 14 anos, na madrugada desta quinta-feira. Ana Luiza Simas passava alguns dias na casa do pai, em Bento Ribeiro, na Zona Norte do Rio, e diz ter apanhado após ele mexer no seu celular e ver conversas dela com uma amiga. Ele estaria embriagado.
Segundo a mãe da adolescente, a vendedora Amanda Soares, 34, o bombeiro estava com a filha, uma prima e outra colega em um bar que costumavam frequentar em Vila Valqueire, também na Zona Norte, na noite de quarta. Ao saber de um vídeo em que a adolescente aparece experimentado cigarro e bebida alcoólica, Marcio ficou irritado. As agressões, no entanto, teriam acontecido por ciúmes, após o pai ver as conversas no celular da filha.
“Quando ele chegou em casa, viu uma conversa no celular dela com uma amiga sobre um menino e ficou com ciúmes. Foi então que ele começou a dar socos nela, encurralar na parede, bater. Depois, levou a minha filha pro quarto e começou a raspar a cabeça dela, xingando”, relata Amanda.
Depois do ataque de fúria, o sargento levou a filha para a casa da mãe, que chamou a Polícia Militar.
“Ele estava visivelmente alcoolizado, disposto a fazer qualquer coisa. Estava armado e me ameaçou caso eu chegasse perto dele”, a mulher conta.
Amanda e Marcio tiveram um relacionamento de quase 14 anos e estão separados há quatro. De acordo com ela, o bombeiro nunca tinha batido na filha.
“Ele nunca bateu na nossa filha, foi a primeira vez. Quando não está sob efeito da bebida ele é outra pessoa. Quando bebe, é explosivo, ofende, tem um comportamento agressivo”.
Amanda contou ainda que a filha está muito abalada após as agressões e que não costuma dar trabalho.
“Ela fala para mim: ‘mãe, eu sinto a mão do meu pai na minha cabeça, a máquina na minha cabeça’. Ela acabou de fazer 14 anos, estava feliz, ganhou um celular, porque passou direto na escola. É uma menina educada, não fala palavrão, estuda. Não merecia sofrer isso do próprio pai”, lamenta.
O caso foi registrado na 30ª DP (Marechal Hermes). Amanda, no entanto, reclamou do atendimento na distrital.
“Minha filha foi torturada, humilhada, trancada dentro de casa e eles só registraram como injúria. Eu tive que pedir pela medida protetiva, pelo exame de corpo de delito, porque o policial que nos atendeu não deu importância, agiu como se fosse um caso banal”, reclama a mãe.
A vendedora contou ainda que o policial civil que registrou o caso estava de chinelo e sem distintivo. Depois do exame de corpo de delito, Amanda retornou à delegacia para acrescentar informações ao boletim de ocorrência à pedido de outra policial.
Procurada pelo DIA, a Polícia Civil não se manifestou sobre as reclamações do atendimento na delegacia, se limitando a reafirmar a instalação do inquérito para apurar as lesões e injúrias à adolescente e que “as investigações estão em andamento”.
Já o Corpo de Bombeiros informou que vai instaurar um processo administrativo disciplinar para apurar a conduta do militar. A corporação também disse que corregedoria determinou a suspensão do porte de arma do sargento.
“O Corpo de Bombeiros do Rio reforça que não compactua com atos ilícitos ou que vão de encontro à ética, à moral e aos bons costumes”, reforçou, em nota.
Via: O Dia