Com dois meses sem salários e condições precárias de trabalho, funcionários terceirizados da Saúde entraram no 4º dia de paralisação de atendimento em clínicas e hospitais do Rio.
Nos centros municipais e algumas clínicas, funcionários começaram a receber os salários do mês de outubro, mas três hospitais ainda funcionam com metade do efetivo médico.
Na Zona Oeste, pacientes não conseguiam atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento de Sepetiba e Santa Cruz devido à falta de médicos. O mesmo panorama se repetia no Hospital Pedro II, na mesma região.
Na Zona Norte do Rio, o Hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador, apenas metade do efetivo médico trabalhava na manhã desta sexta-feira (13) e somente os pacientes em estado mais grave recebiam atendimento.
Enfermeiros e técnicos fizeram um protesto no início da manhã. Um ato também foi feito em frente ao Palácio da Cidade em Botafogo, onde o ministro interino da Saúde, João Gabbardo, se encontrava com o prefeito Marcelo Crivella. Funcionários permaneciam no local por volta das 12h.
No local, o prefeito Marcelo Crivella impediu a participação de jornalistas dos veículos do Grupo Globo, incluindo a TV Globo, na entrevista sobre o colapso no sistema de saúde do município. Dado o óbvio impacto na vida dos cariocas, o tema tem merecido ampla cobertura jornalística.
Apesar da atitude autoritária e antidemocrática do prefeito, tudo o que de mais relevante tiver sido ali anunciado será noticiado. O que importa para a TV Globo e para os demais veículos do Grupo Globo é manter o público bem informado. Manteremos esse compromisso.
O Ministério da Saúde anunciou que vai liberar, na manhã desta sexta-feira (13), R$ 150 milhões para a Saúde da cidade do Rio de Janeiro. A verba faz parte de um acordo de emergência firmado com a prefeitura.
Segundo o jornal O Globo, os recursos são de uma dívida que o município cobra da União na Justiça relacionada a 23 unidades federais de saúde municipalizadas entre 1994 e 2000.
No fim da tarde desta quinta-feira (12), o Tribunal Regional do Trabalho determinou o confisco de R$ 300 milhões nas contas do município – esse dinheiro tem que ser usado no pagamento de salários atrasados de profissionais da saúde.
Antes mesmo da crise se agravar, dados do Ministério da Saúde davam outro alerta. O Rio tem os piores indicadores de mortalidade nos hospitais e clínicas do Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o Brasil.
No primeiro semestre deste ano, enquanto a média de mortalidade em clínica médica nos leitos do SUS em todo o país foi de 10,15%, no estado do Rio essa taxa foi de 17,26%, a maior registrada.
Nos procedimentos cirúrgicos, as duas maiores taxas de mortalidade ficaram com hospitais do município do Rio. O Pedro II teve 7,69%, seguido do Hospital Salgado Filho, com 7,45%. Todos com percentuais muito acima da média nacional, de 2,24%.
Por meio de um vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, afirmou que a Saúde da cidade não passa por nenhuma crise.
“Não há crise – é falsa. Houve, sim, atraso de um mês, em alguns casos dois meses, nas OSs – mas só nelas. Ontem já pagamos cinco mil agentes de saúde e técnicos de enfermagem. Todos estão com os salários em dia. A Prefeitura do Rio continua lutando arduamente para manter seu padrão de excelência, sem a menor preocupação com a exploração política, que além de não ajudar em nada, torna a vida a pública apenas medíocre, insensata e insensível.”
Via: G1