Jornal Povo

Desembargadora que publicou calúnia contra Marielle diz que não teve intenção de ofender a vereadora

A desembargadora Marília de Castro Neves, acusada de caluniar pelas redes sociais a vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018, prestou depoimento no Tribunal Regional Federal da 2ª Região na manhã desta terça-feira (17).

“Eu não conheço ninguém do Comando Vermelho e não conheci a vereadora Marielle Franco. Eu apenas reproduzi um comentário infeliz”, afirmou a desembargadora. “Eu não tive a intenção, como acredito que ninguém antes de mim que tenha falado isso, tenha tido intenção de ofender a vereadora”, finalizou.

O procedimento durou 20 minutos e foi conduzido em cumprimento à carta do Superior Tribunal de Justiça, onde tramita a ação penal contra Marília, movida pela viúva e pela irmã de Marielle.

Marília de Castro Neves disse que não teve a intenção de ofender Marielle Franco e que apenas reproduziu informações que circulavam na internet mesmo sem ter provas. Ela ainda afirmou que se retratou pelas redes sociais.

Dias após o assassinato da vereadora do Psol, a desembargadora afirmou na internet que Marielle tinha ligação com criminosos e que foi eleita por uma facção criminosa.

A irmã de Marielle, Anielle Franco, foi ouvida na 9º Vara Federal Criminal nesta segunda-feira (16). Na condição de testemunha, Anielle chorou ao lembrar da publicação feita pela desembargadora e disse que a família sequer foi procurada para um pedido de desculpas.

A mesma declaração foi dada pelos pais de Marielle na sala de audiência nesta terça (17). A mãe da vereadora, Marinete Silva, afirmou que mesmo na mesma sala de audiência, a desembargadora não se retratou.

A família afirma, ainda, que vai manter a ação contra Marília de Castro Neves. “Ela sabe o quanto isso é doloroso para uma família ver a imagem do seu filho, sua filha, de qualquer outra pessoa sendo totalmente manchada como ela fez com a minha filha”, afirma Marinete.

Se Marília de Castro Neves for condenada por calúnia, a pena pode ser de até dois anos de prisão, mais multa.

Via: G1