Jornal Povo

MP do Rio denuncia à Justiça sete PMs da Inteligência por cobrança de propina

O Ministério Público do Rio denunciou à Justiça sete policiais militares lotados na subsecretaria de Inteligência da PM por cobrarem propina de comerciantes nas Zona Norte e Oeste do Rio e na Baixada Fluminense. A denúncia revela que os policiais receberam R$ 25.700 em cinco ocasiões diferentes. Os valores, que variam entre R$ 700 e R$ 12 mil, foram pagos por comerciantes em Magalhães Bastos e Madureira, na Zona Norte, em Campo Grande, na Zona Oeste, e em Nova Iguaçu, na Baixada.

O documento, enviado para a Auditoria Militar do Tribunal de Justiça do Rio na última segunda-feira, também mostra que, além dos sete PMs presos, outros agentes da subsecretaria ainda não identificados também participaram das cobranças e ameaças a comerciantes. No dia 14 de novembro, relata o promotor Paulo Roberto Mello Cunha Junior na denúncia, o agente se apresentou como “tenente” ao exigir R$ 20 mil de uma vítima dentro de uma loja em Madureira para que a mercadoria do estabelecimento não fosse apreendida. Ao final, o comerciante negociou o pagamento de R$ 12 mil. O “tenente” ainda não foi identificado.

A denúncia também detalha como a quadrilha agia: os PMs se apresentavam como policiais civis aos comerciantes e afirmavam que “denúncias” haviam sido feitas contra o estabelecimento sobre venda de produtos piratas. Os agentes alegavam que “não teria como segurar” e demandavam o pagamento de quantias para evitar eventuais “buscas e apreensões ilegais”. Numa das ocasiões em que os PMs receberam a quantia solicitada, os agentes ainda retiraram o HD do computador do comércio, alegando que “a gravação do sistema de segurança poderia ser usada como prova”.

Foram denunciados o soldado Ivan Marques Cunha, os cabos Jefferson Rodrigues Batista, Leslie Cristina Duarte Rocha, Nacle de Souza Oliveira e Guttemberg Dantas da Silva, o sargento Roberto Campos Machado e o tenente Victor Magnano Mangia. Se a denúncia for aceita, todos vão responder pelo crime militar de concussão. Todos os agentes seguem presos.

No dia da operação da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) que culminou na prisão dos agentes, o coronel Rubens Castro Peixoto Júnior foi exonerado do cargo de subsecretário de Inteligência da PM. Peixoto foi convidado para assumir a Subsecretária de Inteligência em meados de junho passado. Na ocasião, ele comandava o 18º BPM (Jacarepaguá). Quando saiu do batalhão, levou consigo todo o seu “staff” para o Quartel Geral da PM, no Centro do Rio. Foram com Peixoto 20 praças e 12 oficiais. Entre eles, cinco dos sete agentes presos pela Polícia Civil.

Via: Jornal Extra