Passada a festa da virada de ano, o palco principal do réveillon de Copacabana, que seguirá montado, virou destaque do carnaval. É lá que acontecerá a abertura oficial da folia carioca, com a apresentação do Bloco da Favorita, que promete reunir 300 mil pessoas no próximo dia 12. Moradores do bairro, no entanto, mostram-se contrários à ideia e prometem recorrer à Justiça para tentar impedir o evento. A justificativa, segundo eles, é a série de transtornos que poderá tomar a região.
— Somos contra megaeventos. Copacabana é um bairro residencial, com cerca de 200 mil moradores. Apesar da estimativa de 300 mil pessoas, o que já é mais do que toda a população local, o número real deve ser muito maior. Assim, nós perdemos o direito constitucional de ir e vir — afirma o presidente da Associação de Moradores de Copacabana, Tony Teixeira.
Ainda de acordo com Teixeira, um ofício será enviado ao governador Wilson Witzel nos próximos dias na tentativa de sensibilizá-lo:
— O Centro, nos fins de semana, fica vazio e conta com metrô, trens e ônibus. É perfeito para receber esses megashows — argumenta ele.
Quem também se mostra contrária à presença do Bloco da Favorita no evento é a Sociedade Amigos de Copacabana e o Polo Copacabana, grupo que reúne 45 estabelecimentos comerciais de Copacabana e do Leme.
Em nota, o governo estadual alegou que “a organização do carnaval, a limpeza e a manutenção da cidade são feitas pela prefeitura’’. Já a Riotur destacou que ouviu a Sociedade de Amigos de Copacabana, que deu parecer positivo, e que tenta equacionar os interesses de cada bairro com a maior festa do Rio. “O evento, custeado pela iniciativa privada, vai contar com toda atenção e estrutura dos órgãos públicos’’.
Ainda de acordo com o órgão, “o funk faz parte da cultura brasileira e qualquer negativa pode ser considerado preconceito ao estilo musical”. A nota destaca ainda que a cidade precisa de um calendário de eventos que “mantenham a cidade viva e que recuperem a auto-estima do Rio”.
Além do funk, o evento terá as eleições do Rei Momo e da Rainha do Carnaval, além de duas princesas. Ao aproveitar a estrutura montada para o réveillon, a prefeitura deve economizar cerca de R$ 250 mil. Nos últimos anos, a eleição da corte momesca foi realizada na Cidade do Samba, na Zona Portuária. Em 2019, a organização do Bloco da Favorita, que saía em Copacabana, não aceitou mudar o desfile para o Centro, o que acabou inviabilizando o cortejo a poucos dias do carnaval passado.