Jornal Povo

A volta por cima de Camila Silva: ex-Mocidade e Vai-Vai, ela agora é rainha do carnaval carioca

O ano passado não foi fácil para Camila Silva, 33 anos. De rainha de bateria de duas escolas conceituadas, a Mocidade Independente de Padre Miguel no Rio de Janeiro, onde reinou por três anos, e a Vai-Vai, em São Paulo, onde estava há 10, ela se viu sem escola, de uma hora para outra.

“Saí primeiro da Mocidade, quando na nova direção assumiu, e da Vai-Vai, na sequência. Eles tentaram me tirar, mas a comunidade não aceitou. Mas foram acontecendo coisas que foram me deixando muito triste. Eles achavam que, por ser ex-mulher do ex-presidente, eu ainda era um pouco dele na escola. Já não estava mais feliz, aquilo estava me machucando e resolvei sair e me valorizar”, diz.

A solução? Voltar ao começo. Ela, que já tinha sido rainha do carnaval de São Paulo, em 2009, se inscreveu no concurso que elege a corte do Rei Momo no Rio de Janeiro para voltar a reinar. A coroação foi no domingo (12), na Praia de Copacabana, na abertura do carnaval carioca.

“Recebi muitas críticas por me inscrever no concurso, muitos sambistas desmereceram. Ser rainha de bateria é incrível, você representa uma comunidade. Mas ser rainha do carnaval significa que você representa todas as escolas. É ser rainha da maior festa do país.”

Se de um lado sobravam críticas, de outro veio um apoio inusitado, o de Clara Paixão, a rainha do carnaval carioca 2019. Elas se conheceram quando participaram do concurso da musa do Caldeirão do Huck, em 2009, e ficaram amigas.

“Quando falei para a Clara da minha vontade, ela perguntou: ‘É isso mesmo que você quer? Tem certeza?’ Porque o concurso não é fácil, mas ela disse que iria me apoiar”, lembra Camila que, com o fim do reinado em São Paulo, mudou-se para o Rio de Janeiro de vez e aceitou ainda um convite para ser musa da Paraíso do Tuiuti – posto que vai agora, rainha do carnaval, terá que abrir mão.

Camila recebeu dicas de preparação para o concurso, de malhação e apoio psicológico da amiga.

“Sofri muito preconceito, li muitas coisas em rede social, gente falando mal de mim, que eu não merecia ganhar o concurso por ser paulista, que eu era forasteira. Eu já estava nervosa porque estava de dieta, e ainda tinha que ouvir e ler esse tipo de coisa? ”, diz agora em tom de brincadeira, mas reiterando que não foi fácil.

Apesar do reconhecido corpão e do samba no pé, Camila Silva diz que fez dieta para apresentar um corpo sequinho e feminino — inspirado no de Sabrina Sato. Malhou, fez procedimentos estéticos e ficou três meses sem beber.

“Foi difícil. Quem me conhece, sabe que gosto de uma cervejinha”, conta, aos risos.

A recompensa — e o “cala-boca” para muita gente — veio quando ela ganhou o concurso de rainha do carnaval carioca juntamente com Djeferson Mendes, o novo Rei Momo.

“Foi incrível, me emocionei muito. Tanto que, na hora, fui abraçar um amigo e demorei a me apresentar no palco”, lembra.

O episódio rendeu polêmica nas redes sociais, em um vídeo em que ela seria puxada pelo apresentador Jorge Perligeiro.

“Não teve nada demais. Eu fiquei tão louca com o resultado, que eu só queria um abraço. Fui tão maltratada por algumas pessoas, que só queria desabafar. Aí, acabei demorando demais, e ele veio me chamar. O Jorge foi de uma gentileza enorme com toda as garotas ao longo do concurso”, diz ela, que elegeu as palavras “paz” e “tolerância” como os lemas de seu reinado e de 2020.

“Só quero paz. Até a minha fantasia era branca para pregar a paz e a tolerância no carnaval. O amor pelo samba é sem fronteiras e o amor por qualquer pavilhão é o mesmo”, discursa a majestade.

Em março de 2019, Camila desfilou na Sapucaí como rainha de bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel.

Via: G1