Jornal Povo

Polícia Civil investiga crise da água no RJ; funcionários da Cedae serão ouvidos

A Polícia Civil do RJ abriu um inquérito para investigar como e por que a água da Cedae chegou às casas do Grande Rio com gosto e cheiro de terra.

A investigação está a cargo da Delegacia de Defesa Serviços Delegados, que esteve no fim da manhã desta quinta (16) nas instalações do complexo que limpa a água do Guandu.

O objetivo da delegacia é entender se houve sabotagem ou se a turbidez da água ocorreu por causas naturais, a despeito do que declarou nesta quarta (15) o presidente da Cedae, Hélio Cabral.

“A investigação precisa apurar se, de fato, houve [sabotagem] ou não. Estamos considerando sim o posicionamento do presidente da Cedae, mas nós precisamos saber em que pé as coisas estão para levar tranquilidade à população fluminense”, disse o delegado Júlio Filho.

“Nós vamos convocar as pessoas que trabalham no campo, que operam o equipamento, que operam os registros, para sabermos para que direção vamos apontar a nossa investigação”, emendou.

Segundo a delegada Josy Lima, delegada assistente da Delegacia de Serviços Delegados (DDSD), foi aberto na noite de quarta-feira (15) um registro de ocorrência.

O nome do procedimento é Verificação de Procedência de informação. “ Vamos tentar verificar a materialidade de um possível crime”, disse a delegada.

Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli vão coletar o material da água para uma análise laboratorial.

Depois disso, começarão os depoimentos de funcionários da Cedae.

Há 15 dias, moradores de diferentes partes da Região Metropolitana do Rio relatam que a água encanada da Cedae chega com cheiro e gosto de terra, quando não turva.

Nesta quarta-feira (15), o presidente da companhia, Hélio Cabral, pediu desculpas à população pelo que chamou de “transtornos”.

“No Guandu, na semana que vem, com certeza a gente tem água saindo sem geosmina”, destacou.

A limpeza extra será feita por carvão ativado. O material, em forma de partículas, funciona como um ímã que atrai as moléculas da geosmina.

No entanto, os reservatórios residenciais de mais seis mil litros podem ficar por “bastante tempo” com geosmina.

“Na hora que a água sai do Guandu, em menos de 24 horas os reservatórios vão ter sua água trocada. Se a água está suja, num reservatório de seis mil litros, vai ficar por bastante tempo”, explicou.

O tratamento é feito em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.

  1. Em canais, a velocidade do Rio Guandu é reduzida, o que faz com que detritos maiores, como areia, se depositem no fundo. É a desarenação.
  2. Com a água pré-filtrada, aplicam-se produtos químicos para unir as partículas mais finas. É a vez do sulfato de alumínio e do cloreto férrico.
  3. Uma etapa será adicionada ao processo: o carvão ativado. O material é jogado pulverizado na mistura e, como um ímã, “suga” moléculas da geosina.
  4. Nova filtração é feita, agora com areia ou carvão antracitoso.
  5. A água, na sequência, passa pela desinfecção com cloro e recebe uma primeira carga de flúor —na prevenção da cárie dentária.
  6. O pH da água é corrigido com cal hidratada ou cal virgem, para evitar a corrosão das tubulações.
  7. O produto, quase pronto para consumo, é bombeada para um reservatório público. Recebe uma segunda carga de flúor antes de chegar às torneiras.

A Cedae disse que a operação vai custar até R$ 2 milhões, mas que não haverá aumento de preço para os consumidores.

Via: G1