Jornal Povo

Recuperação do Guandu levaria pelo menos 30 anos e investimento de R$ 1,4 bilhão, segundo comitê

O processo de recuperação do Rio Guandu, no Rio de Janeiro, custaria mais de R$ 1,4 bilhão e levaria, pelo menos, 30 anos, segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo. Segundo análise do Comitê das Bacias Hidrográficas dos rios Guandu, da Guarda e Guandu-Mirim (Comitê Guandu-RJ), a melhora da qualidade da água que chega nas torneiras da maioria da população da Região Metropolitana só será possível com o tratamento do esgoto.

As cidades de Nova Iguaçu e Queimados, por exemplo, seriam responsáveis pelo despejo diário de 56 milhões de litros de matéria orgânica por conta dos afluentes. A conta que levou a este número levou em consideração a população das cidades e o consumo médio de água. Este valor equivale ao despejo de 22 piscinas olímpicas diárias ou 648 garrafas de um litro de esgoto sendo jogadas por segundo nos afluentes do Guandu.

“A água que chega para a Cedae captar é de baixa qualidade, pois recebe material orgânico de cidades nos afluentes do Rio Guandu, como Nova Iguaçu, Queimados e Japeri”, destacou a engenheira ambiental da PUC-Rio Daiana Gelelete.

Segundo a engenheira, que faz parte do comitê, a melhora na qualidade da água que chega aos cidadãos só será possível com investimento em esgotamento sanitário na região. Para isso, seria necessária a integração entre estado, órgãos gestores e de segurança hídrica, além da participação de municípios próximos.

“Não levaria 30 anos para começarmos a ver os resultados, mas para concluir o projeto. Os resultados poderiam ser vistos logo, com a melhora na qualidade local impactando na qualidade geral da água”, ressaltou a engenheira.

Usando como base dados do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Gelelete conta que a qualidade da água do Rio Guandu é média. Já os afluentes que deságuam no lago do Rio Guandu, onde acontece a captação da Cedae, são de qualidade ruim.

De acordo com ela, os rios Queimados, Ipiranga e Poços recebem uma infinidade de detritos ao longo de seu caminho, fazendo com que a qualidade possa ser classificada como ruim ou muito ruim.

“O Rio Guandu possui uma qualidade média pois a transposição da água do Rio Paraíba do Sul depura parte deste esgoto”, destacou a engenheira ambiental.

Segundo Daiana Gelelete, um dos impactos da qualidade ruim da água que chega para ser tratada é o aumento do custo de tratamento, que acaba impactando no valor cobrado dos consumidores.

“Quanto pior a qualidade da água que você capta, maior é a quantidade de recursos aplicados para tratar a água”, ressaltou.

Via: G1