Jornal Povo

Camisa 10 ex-zagueiro, capitão que peitou o racismo e ex-vendedor de doces: conheça as caras novas do Vasco

Abel Braga confirmou que levará uma equipe majoritariamente formada por atletas da categoria sub-20 para o clássico da próxima quarta-feira contra o Flamengo, que iniciou o Carioca também com um time de jovens. E o Vasco ganhou oito reforços para o Clássico dos Milhões – e da molecada.

No domingo, via site oficial, anunciou que os zagueiros Menezes e Miranda, os laterais Nathan e Riquelme, os meio-campistas Juninho e Caio Lopes e os atacantes João Pedro e Vinícius passam a ser observados por Abel.

Todos participaram da Copinha 2020, competição na qual o time acabou eliminado nas quartas de final, pelo Grêmio. Dentro do grupo de promovidos, histórias interessantes não faltam. Tem camisa 10 que já foi zagueiro, meio-campista que já vendeu doce e DVD na rua e um capitão que peitou o racismo em rede nacional durante a última Copa RS.

Geração 2002

Riquelme – lateral-esquerdo, 17 anos (28/08/2002)

Está no Vasco desde 2012, é da geração de Talles Magno (2002). Tem convocações para as seleções sub-15 e sub-17. Quando chegou ao clube, atuava como meia-esquerda. Mas, pela característica, o recuaram para a lateral. Viveu seu auge em 2018, quando o Vasco foi semifinalista da Taça BH. Essa boa participação o credenciou para disputar a Copinha do ano passado.

Não era titular do time – Alexandre, hoje no profissional, era o dono da posição – mas sempre entrava e deu assistência para Tiago Reis na decisão da Copinha 2019, contra o São Paulo. Sempre foi visto como promessa, no ano passado realizou treinos no time profissional, não chegou a ser relacionado, mas é constantemente observado.

Geração 2001

Nathan – lateral-direito, 18 anos (05/09/2001)

Jogava na Portuguesa, se destacou contra o Vasco em 2017 e acabou sendo contratado pelo clube em maio do mesmo ano. Demorou a se firmar, mas em 2018, com o técnico Celso Martins, tornou-se titular absoluto do time sub-17. Foi bem tanto na Copa do Brasil quanto na Taça BH.

Começou como titular na Copinha 2019, depois perdeu a vaga para o Cayo Tenório, mas seguiu sendo utilizado pelo sub-20. Já despertou interesse de clubes europeus e chegou a ser observado por Luxemburgo, mas não chegou a ser relacionado.

Vinicius – atacante, 18 anos (01/03/2001)

Chegou em 2016 depois de se destacar pelo Madureira contra o Vasco. Estreou no mesmo dia em que Juninho, contra o Botafogo – ambos marcaram gols. Se tornou destaque no sub-15 e sub-17. Se machucou em acidente que trazia a equipe de Nova Friburgo em 2017 e, com um problema na cabeça, ficou afastado por um tempo.

Fez parte do grupo vice-campeão da Copinha em 2019. Era reserva, mas entrava constantemente. Subiu com destaque para o sub-20 principalmente após as promoções de Talles Magno e Tiago Reis para o time profissional e voltou a se sair bem na Copa São Paulo de 2020. Chama atenção pela habilidade e velocidade.

Foi relacionado por Vanderlei Luxemburgo em alguns jogos do time profissional em 2019, não chegou a jogar, mas recebeu vários elogios do treinador.

Juninho – volante, 18 anos (23/01/2001)

Veloz, de bom poder de marcação e com chutes de longa distância como um de seus trunfos, Juninho foi um dos destaques vascaínos na Copinha. Sempre foi volante e no início de sua trajetória jogava como primeiro homem de meio-campo. Chegou ao Vasco para a categoria sub-15 em 2016 após passagens por Flamengo e Volta Redonda.

Rapidamente virou titular e se destacou dentro de sua geração (2001). Antes de sobressair nos campos, o jovem de Comendador Soares (em Nova Iguaçu) vendeu bala no sinal, doces nos ônibus e DVD na rua.

Ficou conhecido por comemorar gols tapando um dos olhos em homenagem ao irmão Matheus, de 7 anos. O pequeno perdeu um dos olhos devido a um câncer.

Menezes – zagueiro, 19 anos (11/01/2001)

Baiano, Menezes chegou ao Vasco em 2017 após passagem pelo Fluminense para reforçar o sistema defensivo, que tinha perdido algumas peças na temporada em questão.

Desde então nunca mais perdeu a titularidade dentro de sua geração, disputou sua primeira Copinha em 2020 e formou dupla com Miranda. É uma das apostas da categoria, já que Ulisses subiu definitivamente e o Miranda está cotado para seguir no profissional.

Geração 2000

Caio Lopes – meia, 19 anos (12/09/2000)

Começou no futsal do Vasco, passou por alguns clubes do RJ, voltou ao clube em 2015 após período no Audax Rio. O retorno à Colina foi na posição de zagueiro, mas passou a primeiro volante pela qualidade no passe e visão de jogo.

Se firmou na geração 2000, a mesma do atacante Paulinho, hoje no Bayer Leverkusen. Conseguiu destaque e várias convocações para as seleções sub-15 e sub-17. Perdeu o Sul-Americano Sub-17 por conta de um acidente com o ônibus do Vasco, o mesmo em que Vinícius se envolveu. Foi um dos que mais se machucou – teve de fazer enxerto no joelho – e acabou perdendo espaço na Seleção.

Subiu para o sub-20, foi destaque no time vice-campeão da Copinha, passou a ser observado pela categoria profissional, mas acabou não tendo espaço. Voltou para os juniores, passou a atuar como camisa 10 e voltou a jogar muito bem na Copa São Paulo de Futebol Júnior, desta vez na edição 2020.

João Pedro – ponta-direita, 19 anos (20/04/2000)

Chegou no Vasco em 2013. Começou como lateral-esquerdo, e nessa posição chegou à seleção brasileira juntamente com a geração de Paulinho e Vinicius Junior. Em seu segundo ano na categoria infantil, foi deslocado para a ponta. Formou ataque com Paulinho e Vitão. Voltou a ser convocado como ponta, mas não teve sequência.

O auge dele foi na campanha da Copa São Paulo 2019 e dividiu os holofotes com Lucas Santos como um dos destaques do time. Se machucou no início de 2019, passou a reserva e recuperou a titularidade no fim da temporada, permanecendo no time principal que jogou a Copinha 2020.

Miranda – zagueiro, 20 anos (19/01/2000)

Chegou em 2006 para o futsal do Vasco, formou-se no Colégio Vasco da Gama. Sempre foi destaque e titular da geração 2000. Além da qualidade técnica e de saber sair jogando, chamou atenção pela liderança. Sempre foi capitão da geração 2000.

Foi campeão de tudo praticamente no futsal, foi convocado para as seleções sub-15 e sub-17. Viveu seu auge na temporada passada como titular da equipe que foi à final da Copinha – não jogou a decisão devido a uma suspensão. Estreou no profissional em 2018 num jogo contra o Internacional e atuou contra o Athletico-PR no passado.

Além do bom rendimento e da postura, ganhou mais respeito na Copa RS Sub-20 de 2019, nas quartas de final da competição, em dezembro. Após pênalti marcado contra o Independiente, rival do Vasco, Miranda reclamou junto ao árbitro de racismo por parte dos adversários. Converteu a penalidade e optou por não celebrar, manifestando-se às câmeras: “Macaco não, eu tenho orgulho da minha pele”.

Após a vitória vascaína por 2 a 1, Miranda registrou ocorrência na polícia por injúria racial contra Ayrton Henrique e Tomas Augustin do Independiente.

Via: Globo Esporte