Jornal Povo

Dólar sobe e vai a R$ 4,20 com temores sobre vírus na China e foco em Davos

O dólar opera em alta em relação ao real nesta terça-feira (21), com investidores cautelosos quanto à disseminação de um vírus na China e de olho em declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a fase 2 do acordo de comércio com Pequim durante o Fórum Econômico Mundial de Davos.

Às 15h29, a moeda norte-americana subia 0,14%, a R$ 4,1945. Com temores externos, o dólar chegou a ir acima de R$ 4,20. Na máxima do dia, chegou a R$ 4,2081.

A última vez em que o dólar fechou próximo a R$ 4,20 foi no dia 4 de dezembro de 2019, quando foi vendida a R$ 4,2017.

Na segunda-feira (20), o dólar subiu 0,56%, a R$ 4,1886. No ano, a moeda acumula alta de 4,46%.

No exterior, o clima é de cautela, com os investidores evitando apostas arriscadas devido às crescentes preocupações com um surto de coronavírus originário da China. O temor acabou provocando uma corrida para as apostas em portos seguros.

“Além da óbvia preocupação com a saúde da população da região, e também global, os mercados adotam cautela, especialmente na China, tendo em vista potenciais impactos na atividade”, disse em nota a Commcor DTVM.

O número de mortos pelo surto desse vírus na China subiu para seis nesta terça-feira, e as autoridades relataram um aumento em novos casos, com receios de que a cifra de infecção aumente ainda mais com as viagens de centenas de milhões de pessoas para o feriado chinês do Ano Novo Lunar.

Autoridades confirmaram que o novo vírus misterioso pode se espalhar entre humanos e disseram que 15 pessoas de equipes de saúde já foram infectadas, alimentando temores sobre uma pandemia internacional.

“O surto de coronavírus pode causar um grande choque na demanda, principalmente no consumo de serviços, principalmente em viagens”, disse Stephen Innes, estrategista de mercado da AxiCorp, à Reuters.

Nos mercados de câmbio internacionais, as moedas seguras, como o iene japonês, beneficiavam-se da aversão a risco gerada pela doença, enquanto divisas emergentes, como a lira turca e o peso mexicano, se depreciavam, segundo a agência de notícias.

Os investidores também estavam atentos ao Fórum Econômico Mundial de Davos, marcado por falas preocupantes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou que a maioria das tarifas será mantida na segunda fase de negociações comerciais com a China.

A fala de Trump vem na esteira da assinatura da Fase 1 do acordo comercial que marcou um passo importante para a resolução da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, que abalou os mercados internacionais por 18 meses.

No cenário doméstico, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Brasil deve anunciar a adesão a acordo internacional de compras governamentais para permitir a participação de estrangeiros e, licitações e concorrências públicas no país, com condições iguais a brasileiros.

Para Jefferson Laatus, sócio fundador do Grupo Laatus, existe a possibilidade de a moeda norte-americana voltar a ser negociada em níveis acima de R$ 4,20, como aconteceu no final de 2019, já que, até o momento, “não há sinalização do BC de que vai controlar essa alta”.

Via: G1