Jornal Povo

Pedreiro morre baleado na Vila Cruzeiro quando estava a caminho do trabalho

Um pedreiro morreu baleado morreu durante uma operação da Polícia Militar na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quarta-feira. Samuel Meneses da Conceição, de 47 anos, passava pela Rua São Lucas quando foi atingido. De acordo com amigos, ele era pai de quatro filhos e estava a caminho de seu novo emprego — seria seu segundo dia. Moradores acusam a polícia de ter feito o disparo que atingiu Samuel.

— Ali, naquele local, não tem como ter sido bala de bandido. Sem chance. E sem chance de a polícia ter confundido com bandido. Eles vieram na maldade. Ali é a rua onde tema feirinha. Os bandidos não ficam naquele lugar — disse um deles.

Samuel chegou a ser levado para o Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas chegou morto à unidade, de acordo com a Secretaria de Saúde. O corpo seguirá para o Instituto Médico-Legal (IML), onde passará por uma necrópsia.

O pedreiro era presbítero da Igreja Evangélica Assembleia de Deus Ministério Transformando Vidas e frequentava o templo de Olaria, também na Zona Norte. Ele ia para uma obra que havia iniciado ontem. A família conta que soube por uma vizinha que Samuel havia sido baleado.

— Ela levou a identidade dele até nossa casa. Perguntou se ele era nosso parente e disse que ele foi baleado e encontrado atrás de um supermercado. Eu vim para o (hospital) Getúlio Vargas e me disseram aqui que ele já chegou morto — disse Denise Meneses, irmã de Samuel.

Denise conta que o irmão era um homem trabalhador, que não deixava faltar nada para a mulher os filhos. Dois deles são crianças de 10 e 5 anos.

— É impossível imaginar a vida sem ele. A família está arrasada. Ele não podia ter morrido assim. Ele só saiu para trabalhar. A gente sai e não tem direito de voltar — lamentou Denise

Para ela, o que vai ficar de lembrança do irmão é a sua alegria:

— Ele ajudava todo mundo e era uma execelente pessoa. O que vai ficar como lembrança é a alegria dele. Era uma pessoa muito extrovertida.

O irmão de Samuel, Robson Rodrigues, disse que o pedreiro tinha o costume de ligar todos os dias para a esposa pela manhã, o que ele não fez hoje. Robson cobra uma investigação sobre o caso.

— A gente quer saber de onde o tiro partiu, porque não? Apesar de saber que isso não vai acontecer porque o nosso governo só fica em palavras. Minha cunhada vai ficar sozinha com quatro filhos e quem vai ajudar? Vai caber à familia se juntar pra isso. Eu não posso esperar isso do Governador, do presidente ou do meu prefeito, desabafou.

Róbson falou um pouco sobre o irmão, que faria aniversário no próximo dia 22.

— Samuel era gente finíssima, nota dez, amigo e pai. Não tenho nem palavras para descrevê-lo. Era muito humilde e sempre ajudou todo mundo, nunca virou as costas para nenhum dos irmãos. Ele era a pessoa que apaziguava todo mundo quando surgiu algum problema na família. concluiu.

O porta-voz da Polícia Militar, coronel Mauro Fliess, lamentou a morte de Samuel e informou que o episódio será investigado.

— Nós tomamos conhecimento desse triste episódio. Houve disparo de marginais antes da nossa chegada. A nossa operação era na Vila Cruzeiro, mas ele foi ferido no Parque Proletário. Uma investigação será feita pela Polícia Civil e um inquérito será aberto na Corregedoria da Polícia Militar — disse.

Em nota, a Polícia Militar informou que durante a operação na Vila Cruzeiro houve confronto, com dois criminosos e material entorpecente apreendidos. E que uma equipe da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) esteve no Hospital Estadual Getúlio Vargas e constatou a entrada de uma pessoa ferida por disparo de arma de fogo.

Via: Jornal Extra