Dona Josefa Reis, moradora de Água Santa, na Zona Norte, ainda não sabe se terá algum desconto na conta da Cedae, referente a este mês. Sua única certeza é que não vai utilizar os 11 mil litros estocados nas caixas d’águas de sua casa, devido à contaminação. Assim como ela, outros milhares de fluminenses darão o mesmo destino para essa água: o ralo.
A medida também chegou aos condomínios, onde a limpeza dos reservatórios já foi antecipada. Fica o alerta para o desperdício, já que a partir de hoje, a companhia começa a empregar carvão ativado no processo de tratamento de água.
A expectativa, segundo o secretário da Casa Civil, André Moura, é que o abastecimento comece a ser normalizado já a partir de hoje. O governo do estado reforça, no entanto, que não tem poder de decisão sobre possíveis descontos a consumidores. Caberá ao Conselho Administrativo da Cedae a decisão sobre o desconto na conta de água. A primeira reunião do grupo está prevista para o próximo dia 30.
Ontem, a companhia realizou testes operacionais na Estação de Tratamento do Guandu e hoje será iniciado o processo com o carvão ativado.
“Tenho usado (água contaminada) para lavar roupa e o quintal, além de regar plantas. Acabei de passar por uma cirurgia bariátrica e não posso beber essa água. O pior é que vamos pagar duas vezes pelo abastecimento, fora os gastos com água mineral”, desabafa Josefa Reis, de Água Santa. Outro consumidor que já antecipa prejuízos é Leandro Monteiro, morador de São João de Meriti, na Baixada. “Gastei R$ 300 com a limpeza das caixas e joguei fora mil litros de água. Vamos ver a conta”, diz.
Prevendo receber a nova carga d’água, alguns condomínios também começaram a limpeza dos reservatórios. “As caixas estão vazias esperando a água limpa. Mas é desperdício com alto custo”, diz o administrador Marcelo Freire.
Por nota, a Cedae informa que “finalizou a montagem do sistema de aplicação do carvão ativado na última terça-feira e realizou testes elétricos e mecânicos no equipamento”, para começar a empregar o sistema no tratamento de água a partir de hoje”.
O Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon), da Defensoria Pública do Estado, abriu um procedimento para investigar a possibilidade de indenização aos consumidores da Cedae. O processo é devido aos problemas da qualidade da água provida pela companhia.
Segundo a coordenadora do Nudecon, Patrícia Cardoso, o procedimento poderá resultar em três ações: uma delas é no arquivamento do processo, a segunda é em um acordo com a Cedae a fim do ressarcimento dos consumidores, ou ainda, em um ajuizamento de ação coletiva visando a indenização coletiva.
“A lei garante a indenização coletiva e individual. No entanto, esperamos por um acordo indenizatório coletivo, que poderá ser um desconto nas contas”, explicou Patrícia.
Hoje, os órgãos envolvidos na investigação do caso, além da Cedae, receberão ofícios informando sobre o procedimento do Nudecon.
Via: O Dia