Jornal Povo

Parentes relatam falta de refrigeração no necrotério do Hospital da Posse, em Nova Iguaçu

Famílias de pacientes que morreram no Hospital-Geral da Posse, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, relatam que o necrotério da unidade está sem refrigeração.

Seu Manoel Diogo perdeu a filha, Natália, para complicações da diabetes. Ela deu entrada no Hospital da Posse no dia 4 de janeiro e morreu seis dias depois. Quando chegou ao necrotério, menos de 48 horas depois, Seu Manoel nem conseguiu olhar para o corpo da filha.

“As imagens que tenho sobre ela, no ultimo momento aqui no hospital, eu não desejo a ninguém”, disse. “Ela estava desfigurada.”

Segundo Manoel, os outros corpos estavam em cima de macas, dentro de um plástico.

O velório de Natália teve que ser com caixão fechado.

Sonia Maria passou pela mesma situação com o filho, que morreu no dia 16. Ivanildo de Souza Cândido, de 38 anos, estava internado há alguns dias, quando teve uma parada cardíaca.

Ela diz que a família só soube da morte quatro dias depois. Quando voltaram ao hospital, encontraram o necrotério lotado – o corpo de Ivanildo estava no chão, apenas com um lençol.

“Um corpo perto do outro, tudo no chão”, conta.

Joé Sestello, diretor do hospital, afirmou que as seis geladeiras do necrotério estão funcionando normalmente.

“A superlotação é verdade. São 17 mil atendimentos por mês, e são sete óbitos por dia”, pontuou. “É claro que um dia de demora de retirada de algum corpo já causa superlotação.”

“Em momento nenhum nós compactuamos com maus-tratos. O morgue é lavado duas vezes por dia regularmente. Temos refrigeração interna com níveis baixos pra manter o clima de conservação. Mas está correndo na mão do prefeito uma licitação para que aumente o tamanho do morgue”, detalhou.

Via: G1