Jornal Povo

Novo presidente da Capes defende debate de criacionismo como contraponto à teoria da evolução

O reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Benedito Guimarães Aguiar Neto, foi nomeado nesta sexta-feira presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Benedito é um defensor da teoria do desing inteligente, que defende as discussões sobre o criacionismo. Em uma palestra realizada em outubro do ano passado, quando ainda estava à frente da Mackenzie, ele defendeu que a universidade amplie os estudos sobre a área.

— Queremos colocar um contraponto à teoria da evolução e disseminar que a ideia da existência de um design inteligente pode estar presente a partir da educação básica, de uma maneira que podemos, com argumentos científicos, discutir o criacionismo — disse.

O nome de Aguiar estava sendo cogitado desdedezembro, quando Anderson Ribeiro Correia deixou o posto para assumir a reitoria do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA). A exoneração do ex-presidente e a nomeação do novo foram publicadas no Diário Oficial da União desta sexta.

“Benedito Aguiar irá liderar —juntamente com o Conselho Superior da Capes e em constante diálogo com a comunidade acadêmica — a coordenação, vinculada ao Ministério da Educação (MEC) e responsável pela expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) no Brasil”, afirmou a Capes, em nota oficial.

Aguiar tem graduação e mestrado em engenharia elétrica pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde também foi diretor do Centro de Ciências e Tecnologia, de 1997 a 2005.

Fez doutorado na Alemanha, na Universidade Técnica de Berlim, e pós-doutorado na Universidade de Washington (EUA), como bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

É reitor da paulistana Mackenzie desde 2011 e também ocupou, entre 2016 e 2019, o posto de presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub).

Nesta função, foi recebido pelo presidente Jair Bolsonaro em março do ano passado, quando apresentou propostas do conselho “para a superações dos recorrentes problemas da educação brasileira”.

Durante a crise causada pelo contingenciamento das verbas da educação, que levou a cortes de bolsas de pós-graduação da Capes e do CNPq, Bolsonaro citou a Mackenzie como exemplo de universidade que faz pesquisa no Brasil, em detrimento das públicas.

— Entre as 250 melhores universidades do mundo não tem nenhuma brasileira e vocês vão me falar que estamos prejudicando pesquisa? Pesquisa até temos, na Mackenzie, no IME, ITA, em algumas poucas universidades. Não temos nada no Brasil.

O presidente já visitou o centro de pesquisas em grafeno da Mackenzie —o material, uma das formas cristalinas do carbono, é uma antiga obessão de Bolsonaro—, mas abortou um retorno ao local por temer protestos, como contou em café da manhã com jornalistas.

— Fui lá há uns dois anos e ia de novo, mas havia uns 30 jovens gritando racista, fascista, não passarão. Então, para evitar uma ovada…