Com a decisão do Resende de mandar o jogo contra o Flamengo no Maracanã, o rubro-negro disputará todas as seis partidas da fase de classificação da Taça Guanabara no estádio que tem como casa. Embora a tabela do primeiro turno lhe dê o mando em três partidas, o Fla, na prática, terá esse direito em todas. A Ferj, porém, considera o Maracanã como campo neutro.
Nos três jogos em que seria visitante na Taça GB, o Flamengo já viu o local ser alterado para o Maracanã na estreia, contra o Macaé, e no clássico contra o Vasco, de mando cruz-maltino. O duelo contra o Resende, segunda-feira, às 20h, completará o pacote, colocando em xeque o equilíbrio da competição.
Por mais que o Boavista, também tenha vendido o mando contra o Vasco para atuar em Cariacica-ES, o cenário envolvendo o Fla gera insatisfação no atual concorrente direto pelo topo do Grupo A, que está invicto, mesmo usando o sub-20.
A ressalva em relação ao Flamengo reverbera por causa da decisão do clube de não assinar contrato de direitos de TV do Estadual. A medida gerou desconto no montante geral, o que faz os pequenos receberem menos do que nos anos anteriores.
— Sou contra o mando de campo invertido, principalmente quando o beneficiado é o Flamengo. Acho péssimo. O Flamengo não está sendo parceiro. Os clubes vendem o mando porque precisam de dinheiro. Somos atingidos. Uma pena que o Flamengo não é locomotiva positiva no Carioca — reclamou João Paulo Magalhães, gestor do Boavista.
O Resende fechou a operação da partida com a empresa do ex-atacante Roni e vai receber uma cota fixa na casa dos R$ 250 mil.
— A opção mais viável para ambas as partes foi o Maracanã. Mas não é uma coisa que apareceu do nada. Conversamos e fomos criando alternativas — disse Roni.
Resende x Flamengo inicialmente seria no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda. Ou seja, de qualquer forma, o time mandante não jogaria em casa. Para a Ferj, isso ameniza a decisão de usar o Maracanã.
—O Raulino não daria maior vantagem técnica ao Resende, como o Maracanã não amplia a vantagem do Flamengo — argumenta o diretor de competições da entidade, Marcelo Vianna.
Para se resguardar juridicamente, a Ferj publicou uma resolução de diretoria por meio da qual passou a considerar o Maracanã como campo neutro em todas as partidas do Carioca. No documento, alega preocupação com conforto do torcedor. Ou seja, há carta branca para que clubes optem pelo estádio, independentemente se enfrentarão Flamengo ou Fluminense.
— Não entendemos como inversão de mando de campo — disse Vianna.
O cenário expõe outra tendência do Carioca: em oito jogos de mando dos pequenos contra grandes na Taça Guanabara, serão apenas três (no cenário atual) na casa dos clubes menores.
Na primeira rodada, o Volta Redonda venceu o Botafogo no Raulino. Na segunda, em Conselheiro Galvão, o Madureira derrotou o mesmo Bota. Na terceira, em Moça Bonita, o Bangu foi goleado pelo Fluminense. Portuguesa x Vasco, dia 9, tem local indefinido.
Nesse contexto, é preciso levar em conta exigências de Polícia Militar e Bombeiros para receber jogos dos grandes por causa da demanda por ingressos.
— Nos casos de Macaé e Resende, ambos não têm estádios habilitados para receber um grande. Precisamos ter inteligência para em alguns casos, por apelo e dimensão da partida, enxergar quais equipamentos podem receber determinado jogo — disse Marcelo Vianna.