O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira que investiga um caso suspeito de coronavírus em uma paciente em Minas Gerais. Com a mudança, o país passou do estágio de alerta para o estágio de “perigo iminente”, conforme protocolo da Organização Mundial de Saúde (OMS). Se o caso se confirmar, o Brasil passa ao estágio de emergência em Saúde Pública.
A paciente é uma estudante de 22 anos que passou por Wuhan, na China, foco da epidemia. Ela chegou ao Brasil no dia 24 de janeiro. O diagnóstico deve ser confirmado até sexta-feira. A estudante tem quadro estável de saúde.
O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, informou que com a mudança de estágio, a pasta prioriza a Vigilância, monitorando os casos suspeitos vindos da China, e não apenas os da província de Wuhan, como estava sendo feito, e adotou o uso de máscara e demais cuidados no manejo com os pacientes.
O ministro Mandetta acrescentou que é possível que, com a mudança de estágio, o número de casos suspeitos aumente, já que a abrangência do monitoramento aumentou de Wuhan para toda a China e de eventuais países que venham a apresentar transmissão sustentada do vírus.
A epidemia do novo coronavírus deixou até o momento 106 mortos na China e 4.500 infectados. Foram registrados os primeiros casos de contágio fora do território chinês.
“Estamos preparando um material impresso, em conjunto com a Anvisa, para todos os passageiros que chegam da Ásia e Europa com informações necessárias para prevenção”, informou o secretário- executivo da pasta, João Gabbardo.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que conversou com o presidente da República nesta manhã, que orientou transparência na divulgação dos casos e do trabalho de vigilância, além de preparo do Sistema de Saúde para controlar o vírus.
O estágio de perigo iminente, explicou Mandetta, se configura pela existência de um vírus novo, com transmissão sustentada em outro país, em que as pessoas de movimentam em quantidade grande, com o perigo de que o vírus possa circular em território nacional. “Nós precisamos estar atentos”, completou o ministro.
Mandetta disse que o Instituto Butantã participará de um esforço internacional para a produção de uma vacina contra o coronavírus.
Perguntado sobre os riscos com o Turismo do Carnaval, o ministro tranquilizou a população. “A maior parte dos turistas que vem ao Brasil durante o Carnaval não são da Ásia. De qualquer maneira, todos os portos e aeroportos estão preparados e farão a ações de vigilância”, disse.
As orientações para a prevenção do novo coronavírus divulgados pelo Ministério da Saúde são as seguintes:
– Sempre ficar em casa quando estiver doente
– Lavar as mãos
– Evitar espirrar e tossir sem proteger a pessoa que está na sua frente
– Evitar tocar olhos, nariz, boca e pessoas que estejam doentes.
Coronavírus se propaga e países organizam retirada de estrangeiros da China
Estados Unidos, França, Japão e outros países organizam a partir desta terça-feira (28) operações para retirar seus cidadãos de Wuhan, epicentro da epidemia de coronavírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda, porém, a saída dos estrangeiros retidos em Wuhan, declarou nesta terça-feira seu diretor-geral, Tedros Adhanom Gebreyesus, durante visita a Pequim, informa um comunicado publicado pela diplomacia chinesa.
“Na situação atual, é preciso manter a calma. Não é necessário reagir com excesso”, acrescentou o diretor-geral da OMS, segundo a nota.
O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que seu país trava uma importante batalha contra o “demônio” do novo coronavírus e pediu transparência nos esforços do governo para conter a epidemia.
“A epidemia é um demônio e não podemos deixar esse demônio escondido”, afirmou Xi durante uma reunião com autoridades da OMS, segundo a imprensa estatal.
“O governo chinês sempre teve uma atitude aberta, transparente e responsável na hora de divulgar informação para os nossos cidadãos e para outros países”, acrescentou.
Em Wuhan, cidade do centro da China onde o coronavírus foi detectado em dezembro, e quase toda a província de Hubei estão isoladas do mundo desde quinta-feira por ordem das autoridades para tentar frear a epidemia. Quase 56 milhões de habitantes estão confinados.
O confinamento surpreendeu milhares de estrangeiros retidos na região. Para retirá-los, Estados Unidos, França, Japão e outros países preparam operações de emergência.
O governo japonês anunciou que enviará um avião nesta terça-feira a Wuhan para retirar 200 cidadãos do país e aproveitará a oportunidade para entregar “máscaras e trajes de proteção” às autoridades locais.
Médicos estarão a bordo, e as pessoas com sintomas como febre alta serão levadas diretamente para o hospital no desembarque. Quase 650 japoneses de Wuhan expressaram o desejo de retornar para seu país, e o governo planeja novos voos de repatriação.
Um voo para retirar funcionários do consulado dos Estados Unidos em Wuhan deve partir na manhã de quarta-feira (hora da China) com destino à Califórnia, anunciou o Departamento de Estado. Outros assentos serão oferecidos a cidadãos americanos “dependendo dos lugares disponíveis”.
A França enviará na quarta-feira um primeiro voo para repatriar no dia seguinte seus primeiros cidadãos de Wuhan. Uma lista de 500 pessoas já foi estabelecida pelo consulado local, mas o número pode chegar a 1.000, já Wuhan recebe muitos estudantes franceses, além das fábricas da Renault e PSA.
As pessoas retiradas serão submetidas a um período de quarentena.
“Temos todos os meios, a confiança e os recursos para ganhar rapidamente a batalha contra a epidemia”, afirmou o ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi.
Primeiros contágios fora da China
O número de vítimas fatais aumentou para 106, e o de casos confirmados supera 4.500 na China, de acordo com o balanço oficial atualizado. A cidade de Pequim informou na segunda-feira a primeira morte provocada pelo coronavírus: um homem de 50 anos que retornara de Wuhan.
Outros 50 pacientes foram registrados no restante do mundo, e mais de 10 países foram afetados pelo vírus – na Ásia, na Austrália, na Europa e na América do Norte.
A Alemanha, segundo país afetado na Europa, depois da França, informou na segunda-feira um primeiro caso de um cidadão que viajou a Wuhan e, nesta terça, o primeiro contágio entre humanos na Europa: um homem que teve contato com uma colega chinesa que visitou o país.
O Japão também anunciou que um caso de coronavírus em seu território, um homem de 60 anos, aconteceu com um paciente que não viajou à China, mas que transportou turistas de Wuhan em um ônibus.
A OMS ainda não se pronunciou após os contágios fora da China.
A ameaça de propagação é considerável. O prefeito de Wuhan admite que cinco milhões de pessoas deixaram a cidade de 11 milhões de habitantes antes do Ano Novo chinês, celebrado em 25 de janeiro.
Via: O Dia