Jornal Povo

Denúncias mostram contratos milionários de parentes de vereador com a Prefeitura de São Gonçalo, no RJ

Denúncias feitas pelo vice-prefeito de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, mostram uma série de contratos feitos por parentes do vereador Jorge Luis Gasco, o Jorge Mariola, do PHS, que já assumem cargos públicos, com a prefeitura do município.

Segundo documento enviado por Ricardo Pericar, do PSL, ao Ministério Público do Rio, ao Tribunal de Contas do Estado e à Polícia Federal, um dos contratos é de um estabelecimento com a Fundação Municipal de Saúde, datado de novembro de 2019, com validade até novembro deste ano.

O local aparece no nome da irmã do vereador, Ana Maria Gasco, que foi nomeada para cargos comissionados na prefeitura. Da última vez, em 2017. Ela é supervisora na Secretaria de Educação.

O endereço, que está fechado, recebe R$ 7 mil por mês como aluguel da prefeitura. Quando funcionava, o local era uma clínica de fisioterapia, que chegou a receber mais de R$ 3 milhões da Secretaria de Saúde. Entre as sócias, está uma filha de Jorge Mariola, que também tinha cargo na prefeitura.

Em 2014, Vivian Engel Gasco da Rocha se tornou uma das coordenadoras da Secretaria de Saúde, a mesma que contratou a clínica dela. A sócia do estabelecimento, Rafaela Pereira Engel Gasco, que também é da família, passou a trabalhar na Secretaria de Educação.

O primeiro contrato do município da Região Metropolitana com a clínica foi em 2011 e custou R$ 1,9 milhão. Em 2014, outro contrato: de R$ 1,2 milhão.

Ricardo Pericar fez outras denúncias que estão sendo apuradas pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio e pela Polícia Federal. Ele e o prefeito José Luiz Nanci, do Cidadania, romperam em maio de 2018, após divergências políticas.

A Prefeitura de São Gonçalo também paga aluguel a mais parentes de Jorge Mariola. Um filho do parlamentar é dono da casa onde funciona uma creche do município, e que também foi nomeado para cargo público.

Em 2005, Victor Engel Gasco passou a ser assistente da Secretaria Municipal de Saúde. Em 2006, suplente do Conselho de Assistência Social. Em 2010, ganhou autonomia de táxi e, todo mês, recebe aluguel dos cofres da prefeitura. Só em 2017, foram mais de R$ 56 mil.

Já outra casa alugada para a prefeitura, no bairro Almerinda, é do pai do vereador, José Fernando Gasco. O contrato, de 2010, é de R$ 23,5 mil.

A esposa e a cunhada de Jorge Mariola também receberam cargos em comissão. Em 2014, Maria Barboza Gasco virou supervisora na Secretaria de Educação. Em 2013, Ana Lubia Pereira Engel substituiu um coordenador na Secretaria de Saúde.

Em entrevista ao RJ 1 nesta quinta-feira (30), na Câmara Municipal, o vereador Jorge Mariola, do PHS, afirmou que não há conflito de interesses no aluguel de imóveis.

“Não tem nada a ver. O imóvel não é meu. Eu não sou dono de patrimônio. Eu não tenho. Se você pega um patrimônio meu, eu alugo ele, aí é imoral. É imoral. A minha família não tem culpa de eu ser uma pessoa pública e ter um mandato”, afirmou.

Jorge Mariola disse, ainda, que o filho não ocupou os cargos citados na denúncia.

A prefeitura de São Gonçalo afirma que o imóvel que custa R$ 7 mil por mês ao executivo municipal e encontra-se fechado foi contratado por valor abaixo de mercado. Além disso, afirma que o local está sendo equipado para virar uma clínica de fisioterapia, que será aberta em fevereiro.

A prefeitura também foi questionada pelo RJ 1 se o contrato seria mantido, mesmo com as denúncias sendo apuradas pelo Tribunal de Contas e pela Polícia Federal, mas até a última atualização desta reportagem, não havia resposta.

A Prefeitura de São Gonçalo também não respondeu se a clínica será administrada pela prefeitura ou se o município vai contratar uma empresa.

Via: G1