Jornal Povo

Ex-procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes vira réu no RJ

O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) aceitou a denúncia contra o ex-procurador-geral de Justiça do Rio Claudio Lopes. É a primeira vez que um ex-chefe do Ministério Público do Rio vira réu numa ação penal. Por 19 votos a 0, a votação teve uma decisão unânime. Ele foi denunciado por corrupção passiva, quadrilha e violação de sigilo funcional.

Também viraram réus o ex-governador do Rio Sérgio Cabral; o secretário de governo de Cabral, Wilson Carlos; e Sérgio de Castro Oliveira , conhecido como Serjão, um dos “homens da mala” do esquema de corrupção chefiado por Cabral.

A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público do Rio em outubro de 2018. Segundo os promotores, Cláudio Lopes teria recebido R$ 7,2 milhões em propina para “blindar” a organização criminosa chefiada por Sérgio Cabral de investigações do Ministério Público do Rio (MPRJ).

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Segundo a denúncia, os pagamentos de propina a Cláudio Lopes teriam começado ainda durante a campanha dele para o Ministério Público do Rio, com um valor de R$ 300 mil. Depois de ser escolhido procurador-geral de Justiça pelo então governador Sérgio Cabral, Cláudio Lopes passou a receber, a partir de março de 2009, mensalmente, R$ 150 mil.

A mesada foi paga até dezembro de 2012, quando Lopes deixou o cargo máximo no Ministério Público do Rio.

O ex-governador Sérgio Cabral é conduzido pela PF no dia em que prestou novo depoimento e admitiu esquema de pagamento de propina — Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo
O ex-governador Sérgio Cabral é conduzido pela PF no dia em que prestou novo depoimento e admitiu esquema de pagamento de propina — Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

Violação de sigilo

O ex-procurador-geral de Justiça do Rio também foi denunciado pelo crime de violação de sigilo funcional. Isso porque, segundo a denúncia, Cláudio Lopes teria “vazado” informações para o então secretário estadual de saúde do Rio, Sérgio Cortes, sobre uma operação de busca e apreensão que o Ministério Público faria na casa de responsáveis da secretaria de saúde.

Por causa destas informações de Cláudio Lopes, segundo a denúncia, o então subsecretário da pasta, Cesar Romero, destruiu documentos da secretaria que poderiam incriminá-lo.

Cláudio Lopes chegou a ser preso preventivamente em novembro de 2018. Ele acabou solto em ‪dezembro do mesmo ano, por uma liminar no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na época, o STJ determinou o afastamento de Lopes das funções públicas ao determinar a soltura. Apesar de ter sido afastado, Lopes continua recebendo salário.

Cláudio Lopes já foi denunciado outras duas vezes pelo Ministério Público do Rio.

O que dizem os citados

José Carlos Tórtima, advogado do Cláudio Lopes, disse que a defesa está certa da inocência do cliente e vai provar isso no transcorrer da ação penal.

Ao ser procurada, a defesa de Sérgio Cabral afirmou que a condenação “não desanima Sérgio Cabral em continuar colaborando com as autoridades”.

Não conseguimos contato com as defesas de Wilson Carlos e Sérgio Castro de Oliveira.

Fonte: G1