Jornal Povo

Paulistanos ficam ilhados em casas e na rua por causa dos alagamentos; veja relatos

A chuva que atingiu São Paulo durante a madrugada e manhã desta segunda-feira (10) deixou paulistanos ilhados em casas ou nas ruas da cidade. Há relatos de pessoas que estão há várias horas sem conseguir sair do lugar.

A aposentada Aurora, moradora da Vila Guilherme, na Zona Norte de São Paulo, teve a casa invadida pela enchente no início da manhã, às 7h, e está presa em casa desde então, esperando a água baixar para arrumar móveis e tentar salvar algo.

“São mais de dez horas de angústia, sem ajuda de ninguém e sem saber o que ainda pode ser aproveitado ou não. A hora que a enchente for embora e Deus mandar sol pra nós, tenho que botar tudo pra fora. Só Deus sabe se vou conseguir salvar algo”, diz a aposentada.

O motorista de ônibus Alexandre Souza está parado há pelo menos nove horas na Marginal do Tietê. O ônibus que ele dirige saiu do Rio de Janeiro às 23h30 desta quinta-feira (09) e, ao chegar em São Paulo no início da manhã, encontrou a via completamente alagada por causa da chuva.

“Em sete anos, nunca vi alguma coisa assim. A gente sente falta das autoridades agora. Não tem ninguém para ajudar e dar uma comunicação. Estamos aqui sem informação, esperando uma boa notícia pra chegar na rodoviária”, afirma.

O empresário César Pizza é dono de uma loja de materiais elétricos na Zona Norte de São Paulo há doze anos. Por volta das 7h ele chegou para abrir o comércio, mas encontrou a rua completamente alagada e a água dentro da pequena loja.

Por volta das 15h, ele ainda não tinha conseguido ter acesso ao espaço para contabilizar os prejuízos. “Desde às sete estou parado, esperando a água baixar. Eu tenho comporta, mas ela não segurou. Não dá nem para ver o que tem lá dentro”, relata Pizza.

Já o casal Felipe Gomes, de 28 anos, e Rafaela Aparecida Leal, de 27, estava com viagem marcada de lua de mel para Fortaleza, no Ceará, nesta sexta-feira, às 7h30. Para chegarem em tempo ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, os dois pegaram um carro de aplicativo às 4h, mas foram surpreendidos com a subida da água na Marginal do Pinheiros.

Desesperados, o casal saiu do carro e subiu em um caminhão cegonheira parado na pista ao lado e permaneceram por lá cerca de 11 horas, até que a água baixasse.

“Depois de 11 horas parados, a água a gente conseguiu retorna para o carro, mas ainda estamos parados. São tantas horas de espera que o corpo já não aguenta mais, as pernas e a cabeça doem e a fome até passa de tanta angústia e apreensão”, conta Felipe.

Até as 17h, os dois permaneciam na Marginal do Pinheiros sem conseguir voltar para casa, em Interlagos, na Zona Sul de São Paulo. O casal conseguiu remarcar o voo para Fortaleza para às 20h30, mas por não terem certeza de que vão conseguir embarcar, devem fazer uma segunda remarcação com a companhia aérea.

“O sentimento é de revolta e apreensão, porque alguma coisa está errada na cidade. Algo não está sendo feito errado pra uma cidade deste tamanho parar dessa forma, surpreendendo todo mundo”, desabafa Felipe Gomes.

Outro caso aconteceu em Barueri, na Grande São Paulo, um morador do bairro Maria Helena, ao lado do Rio Cotia, só conseguiu sair de casa por volta das 15h, depois de ver a água invadir a casa dele às 2h30.

“A gente acordou com os vizinhos gritando que a água estava subindo e a gente só deve tempo de levantar algumas coisas. Quando se deu conta, já estava com a água até a canela e perdemos tudo”, relata Paulo Silva Bueno.

Via: G1