Jornal Povo

Soldado acusado de deixar morador da Maré paraplégico após seis tiros é julgado no Rio

A Justiça Militar começou, por volta de 14h30 desta terça-feira (18), o julgamento do soldado Diego Neitzke. Ele é acusado de acertar seis tiros de fuzil no carro onde estava Vitor Santiago Borges, morador da Maré, que ficou paraplégico e perdeu uma perna.

A ação ocorreu em 2015, durante operação da Força de Pacificação. Vitor estava no carro com outros quatro rapazes. Os militares dizem que eles furaram o bloqueio; Vitor, não se recorda.

Adriano Bezerra da Silva, o motorista do carro da vítima, também foi acusado pelo Ministério Público Militar. Em entrevista ao G1, Vitor se disse frustrado e admitiu que teme pelo resultado do julgamento.

“Militar julgando militar a gente já sabe mais ou menos o que irá acontecer né? Acredito que vão ‘passar a mão na cabeça’ do cara que atirou e mais uma vez, um inocente vai pagar”

Os tiros atingiram a parte superior do veículo. Em depoimento o soldado diz que mirou “sempre nos pneus, jamais nos ocupantes do veículo”.

Trauma de todos os dias

Vitor contou que mora no mesmo lugar desde que foi baleado na região conhecida como Salssa e Merengue. Por causa da paraplegia, ele teve que adotar a cadeira de rodas e encontrou dificuldades. Além do trauma físico, as perturbações mentais acontecem cinco anos após o episódio.

“Minha vida mudou bastante, todo ser humano tem seus limites, minhas limitações são diferentes. Mas consegui dar a volta por cima, graças a Deus e minha força de vontade. Agora, tudo ficou mais complicado. Limitações do dia-a-dia a gente vai se acostumando e se adaptando”, disse a vítima dos disparos.

“Em 5 anos, não teve um dia sequer que não pus a cabeça no travesseiro e não pensei naquele dia. O fardo é grande para ver alguém ser absolvido por um crime tão grande”, afirmou Vítor.

Via: G1

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