Jornal Povo

Eliminação gera baque financeiro e anticlímax às vésperas de Fred e programa de sócio no Fluminense

Um dos principais objetivos do Fluminense em 2020, a Copa Sul-Americana saiu precocemente do caminho tricolor com o empate em 0 a 0 com o Unión La Calera, nesta terça-feira, no Chile. E junto com ela, o clube perde uma boa oportunidade financeira, que atrapalha os planos para a temporada. De quebra, provoca um anticlímax na torcida, justamente às vésperas de um possível anúncio de Fred e do iminente lançamento do novo programa de sócio-torcedor, carro-chefe da gestão para alavancar as receitas.

Na parte financeira, dos US$ 6,5 milhões de dólares (cerca de R$ 27,6 milhões) possíveis de ganhar no torneio com premiações, o Tricolor levou apenas US$ 300 mil dólares (R$ 1.262.340,00) pela participação na primeira fase. A competição era a chance de dar um “respiro” aos cofres das Laranjeiras, mas foi um suspiro de lamentação após a eliminação precoce. Se tivesse conseguido vencer o time chileno, o Tricolor já receberia mais US$ 375 mil dólares (R$ 1.577.920,00) só pela classificação, valor que equivale a quase metade da folha salarial do atual elenco.

A premiação da Sul-Americana em 2020:

  • Primeira fase: US$ 300 mil (R$1.262.340,00)
  • Segunda fase: US$ 375 mil (R$1.577.920,00)
  • Oitavas de final: US$ 500 mil (R$2.103.900,00)
  • Quartas de final: US$ 600 mil (R$2.524.680,00)
  • Semifinal: US$ 800 mil (R$3.366.240,00)
  • Vice-campeão: US$ 2 milhões (R$8.415.600,00)
  • Campeão: US$ 4 milhões (R$16.831.200,00)

Situação financeira tem melhorado, mas ainda é delicada

A atual diretoria, comandada pelo presidente Mário Bittencourt, assumiu o cargo em junho do ano passado com dois meses e meio de atraso de pagamentos e tem se esforçado para quitar a dívida com jogadores e funcionários. Antes da virada do ano, por exemplo, pagou a CLT de setembro, outubro e novembro, além das parcelas do 13º, mas as dificuldades ainda não foram totalmente superadas. Neste começo de 2020, o clube precisou dividir a remuneração de dezembro: saldou 70% e depois os outros 30%. Hoje, o Flu tem um mês de salário pendente (janeiro venceu no dia 5 de fevereiro) e algumas folhas de direito de imagem.

Nos tribunais, apesar de levantar algumas penhoras, o Fluminense ainda convive com processos judiciais. Nos últimos dias, foi alvo de duas ações: uma do atacante Pedro cobrando valor de R$ 2.240.257,08, e outra do Grêmio pedindo penhora de R$ 4.572.708,26 referente a um empréstimo através do extinto Clube dos Treze, onde foi o credor do Tricolor das Laranjeiras.

A delicada situação financeira passa também pela dificuldade em conseguir patrocínios de peso. Espaço mais valioso do uniforme, por exemplo, o master está vago há quase dois anos, desde que o clube rescindiu o contrato com a “Valle Express” em agosto de 2018. A única marca exposta na camisa atualmente é a “Doce Rio”, mas trata-se de uma permuta pelo serviço de transporte oferecido pela empresa.

Fluminense vem jogando de camisa "limpa", sem patrocínios, em 2020 — Foto: JAVIER TORRES / AFP
Fluminense vem jogando de camisa “limpa”, sem patrocínios, em 2020 — Foto: JAVIER TORRES / AFP

Anticlímax para Fred e ST

Neste cenário, o Fluminense aposta alto no novo programa de sócio-torcedor, embalado com o iminente retorno de Fred, para alavancar as receitas em 2020. Porém, a eliminação precoce na Sul-Americana – foi a primeira vez que caiu na primeira fase do torneio – é um balde de água fria para a torcida às vésperas do lançamento dos tão aguardados novos planos e do provável retorno do ídolo, que vinha gerando um enorme frisson entre os tricolores nas redes sociais.

Torcida do Fluminense já vinha se mobilizando para o "AeroFred" — Foto: Reprodução
Torcida do Fluminense já vinha se mobilizando para o “AeroFred” — Foto: Reprodução

Caberá ao clube saber lidar com a decepção momentânea dos tricolores para conseguir trabalhar com sucesso o lançamento do programa de sócios, que tinha repercutido bem entre os torcedores após seu anúncio em coletiva de Mário Bittencourt no fim de janeiro.

Orçamento de 2020 ainda não foi fechado

Ainda não é possível saber o quanto o Fluminense previa ganhar em dinheiro com a Sul-Americana em 2020 pois o orçamento para a temporada ainda não foi apresentado. O novo Conselho Fiscal, que demorou a ser eleito e só assumiu no dia 15 de janeiro, tem a responsabilidade de avaliar a proposta orçamentária a ser formulada pelo departamento financeiro e emitir um parecer para o Conselho Deliberativo. Daí então este colocará o orçamento para ser aprovado ou não em votação. Internamente, a previsão é que a assembleia com esta finalidade seja realizada em março.

Laranjeiras viveu ano turbulento na política do clube em 2019 — Foto: Nelson Pérez
Laranjeiras viveu ano turbulento na política do clube em 2019 — Foto: Nelson Pérez

Fonte: Globoesporte