Jornal Povo

MPRJ denuncia dez pessoas suspeitas de desviar mais de R$ 700 mil dos cofres do estado

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou dez pessoas acusadas de desviar mais de R$ 700 mil dos cofres do estado. A investigação aponta que os denunciados tinham cargos no governo, mas não apareciam para trabalhar.

O MP começou essa apuração depois de reportagens da GloboNews, também exibida no RJ1.

A denúncia destaca que “uma verdadeira associação criminosa” atuava na Suderj, a Superintendência de Desportos do Estado, e na Secretaria de Esporte.

Os servidores fantasmas foram denunciados por associação criminosa, falsidade ideológica e peculato.

A proximidade de Amaro da Hora Filho com o atual chefe não é recente. Uma foto de 2014 mostra um momento de descontração do homem com o então deputado federal Felipe Bornier.

Nas eleições de 2018, a foto de perfil virou um pedido de votos para o político.

Em janeiro do ano passado, Felipe Bornier foi nomeado secretário de Esporte, Lazer e Juventude do Rio de Janeiro. Foi nessa época que Amaro também passou a fazer parte da folha de pagamento do estado.

Mas a investigação do Ministério Público revelou que ele é um “funcionário fantasma” do governo e que presta serviços particulares para o pai e a mãe do secretário.

A denúncia destaca que Amaro ocupa um cargo comissionado na Secretaria de Esporte, mas é motorista do político e ex-prefeito de Nova Iguaçu Nelson Bornier, e da mulher dele, Luci Leoni Bornier de Oliveira.

O promotor Cláudio Calo, do MPRJ, diz não ter dúvidas de que a secretaria é utilizada como um cabide de emprego.

“De acordo com as provas produzidas, não tenho a menor dúvida de que a Suderj e a Secretaria de Esporte é usada não só como cabide de emprego, mas também para benefícios políticos, né? Com influência política”, afirmou o promotor.

Em entrevista à GloboNews, Calo também destacou que, apesar de trabalhar como motorista particular de uma família com influência política, Amaro recebe do erário mais de R$ 10 mil.

“Ao prestar depoimento, ele disse que achava que ganhava muito pouco”, apontou o promotor.

Em nota, o secretário de Esporte, Felipe Bornier, afirmou que “conforme posicionamentos anteriores, todas as informações têm sido prestadas ao Ministério Público, em atendimento a demanda do órgão, para que os fatos sejam esclarecidos”.

A advogada de Amaro da Hora Filho, acusado de ser funcionário fantasma, disse que seu cliente exerce diariamente as funções na Secretaria de Esporte e que ainda não teve acesso ao conteúdo da denúncia para fazer outros comentários.

Os outros denunciados não foram encontrados pela reportagem.

Campanha política

No vídeo de sua campanha política, Felipe Bornier afirmava: “Nunca troquei minha convicção por cargos, emendas ou qualquer outro benefício. Sempre atuei com transparência”.

Mas agora, Amaro e outras quatro pessoas ligadas ao secretário Felipe Bornier foram denunciadas pelo MP por associação criminosa, falsidade ideológica e peculato. Ou seja, desvio de dinheiro público.

O promotor afirmou que os denunciados prestavam serviços para a família Bornier, mas eram remunerados pelo erário, com dinheiro público. E também atuavam em serviços eleitorais ou políticos, auxiliando o partido político PROS.

A investigação começou depois de uma série de reportagens da GloboNews sobre “funcionários fantasmas” na Secretaria de Esporte e na Suderj.

Dos dez denunciados pelo MP, quatro foram flagrados pela equipe de reportagem,, em horário de expediente, num escritório em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense – reduto eleitoral da família Bornier.

Ex-árbitro também era ‘fantasma’

Durante as investigações, surgiu o nome de um ex-árbitro de futebol. Na década de 90, ele apitou decisões importantes no Maracanã. No gramado, representava a autoridade, a regra do jogo. Mas atualmente, para o Ministério Público, Leo Feldman é mais um exemplo de “funcionário fantasma”.

“Ele é professor de Educação Física, estatutário da Suderj, mas segundo as provas, segundo as testemunhas, realmente não comparecia para exercer suas funções públicas muito embora assinasse o cartão de frequência trimestral”, disse o promotor.

Leo Feldman é o único entre os dez denunciados que não foi nomeado na atual gestão da Secretaria de Esporte, do governo de Wilson Witzel. Ele está na folha de pagamento do estado desde 1979.

Via: G1

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