Jornal Povo

Cedae propõe desconto médio de R$ 83 por conta de água como indenização aos consumidores

Depois da repercussão negativa da proposta da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) de ressarcir os consumidores em R$ 1,25 pelos problemas na qualidade da água fornecida no estado, a empresa propôs desconto médio de R$ 83 por conta.

Em entrevista ao RJ1 nesta sexta-feira (21), o novo presidente da Cedae, Renato do Espírito Santo, explicou que o valor corresponde a um desconto médio de 50% de cada conta de água.

“O que nós fizemos foi chegar a 50% do faturamento de água na região”, explicou Santo.

Ele disse que a Cedae fatura cerca de R$ 150 milhões por mês com o fornecimento de água à população atendida pelo Guandu, que corresponde a cerca de 900 mil ligações. Portando, a proposto é usar R$ 75 milhões para o ressarcimento.

Questionado sobre por que não conceder 100% de desconto nas constas, já que a população teve problemas com a água fornecida por mais de um mês, o presidente da Cedae minimizou o impacto do problema.

“Tornar isso viável depende muito do raciocínio e da lógica. Nós entregamos a quantidade de água e 100% [de desconto] justificaria se toda essa água tivesse sido jogada fora. Na verdade, essa água foi utilizada e em muitas e muitas casas o pessoal bebeu água normalmente, porque ela não faz mal à saúde, isso foi normal”, alegou.

A Defensoria Pública exige que os consumidores sejam ressarcidos em, no mínimo, 70% do valor de suas contas e pediu à Justiça o bloqueio de R$ 560 milhões da Cedae – muito acima dos R$ 75 milhões que a companhia propõe.

Segundo o presidente da Cedae, a proposta será apresentada à Justiça e a data em que o desconto será aplicado dependerá da formalização do acordo junto à Defensoria Pública e o Ministério Público.

Ainda segundo ele, o fornecimento da água já foi totalmente normalizado e a qualidade da água está sendo atestada diariamente.

“Implantamos a coleta dessa água e a análise dela na rede de distribuição. Ou seja, estamos indo na casa das pessoas coletando e verificando como está o gosto, como está o odor. Isso está sendo feito diariamente e todos os padrões estão atendidos. A água está perfeita para utilização”, disse.

Em nota, a Defensoria Pública esclareceu defender que o cálculo para o ressarcimento com base no número de pessoas abastecidas pela Estação de Tratamento de Guandu e não no número de ligações, já que uma mesma ligação pode atender a centenas de pessoas, como num conjunto habitacional.

A Defensoria ressaltou que o valor de R$ 75 milhões proposto pela Cedae não chegou a ser documentado e ainda estaria sujeito à aprovação interna pela companhia. Para além disso, afirmou que este montante não será aceito “uma vez que o valor correspondente por pessoa seria pouco superior a R$ 8,00, quantia considerada irrisória frente aos graves danos e prejuízos causados a quem teve que recorrer à compra de água mineral ou ao consumo de água aquém dos padrões de qualidade”.

Via: G1