Belford Roxo, Imperatriz Leopoldinense e Unidos de Padre Miguel foram destaques do segundo dia de desfiles das escolas da Série A na Sapucaí, que teve início na noite deste sábado (22) e terminou na madrugada de domingo (23).
Acadêmicos do Sossego, Bangu, Santa Cruz e Império da Tijuca também se apresentaram, fechando o carnaval da série A de 2019.
Na sexta-feira (21), Unidos da Ponte, Unidos do Porto da Pedra, Acadêmicos do Cubango, Acadêmicos de Vigário Geral, Acadêmicos da Rocinha, Renascer de Jacarepaguá e Império Serrano desfilaram na Sapucaí.
Assim como na noite anterior, os desfiles atrasaram cerca de 15 minutos, mas a chuva fina que caiu durante quase toda a noite não causou grandes problemas.
Além disso, nenhuma da escolas ultrapassou o tempo limite de 55 minutos. Mas os desfiles não apresentaram tantos problemas com seus carros.
Veja abaixo um resumo da apresentação de cada escola:
Acadêmicos do Sossego

A Acadêmicos do Sossego, de Niterói, abriu o segundo dia de desfiles com o enredo “Os tambores do Olokun”, uma homenagem ao maracatu, uma das maiores tradições do Pernambuco. A escola vai celebrar as raízes sagradas, históricas e as personagens do cortejo negro que nasceu no estado, unindo o ritma característico ao samba.
O tema foi pensado por Marco Antônio Falleiros, mas os responsáveis pelo desfile da noite foi a dupla Guilherme Diniz e Rodrigo Marques, que assumiram a empreitada há cerca de 15 dias, depois de algumas trocas de carnavalescos.
Os dois participaram da Série A em 2019 no comando da Unidos da Ponte. Com 22 anos, Diniz é o carnavalesco mais novo da Sapucaí.
No mesmo ano, a Acadêmicos do Sossego escapou da queda por um décimo e ficou na 12º colocação com o enredo “Não se meta com minha fé, acredito em quem quiser”, um discurso contra a intolerância religiosa.
A comissão de frente retratava o próprio Olokun, o senhor do mares, associado às grandes mudanças de estado e elevado por uma estrutura manual.
Ao longo do desfile, o azul do oceano do carro abre-alas deu lugar às fitas e as cores da segunda alegoria, representante do Pernambuco.
Com 23 alas, três carros e um tripé e 2.100 componentes, a Sossego não teve pressa em seu final de desfile e encerrou sua participação com 53 minutos.
Naidelaine, 27 anos, diretora feminina da ala de passistas da escola, desfilou grávida de 8 meses. “Todas as escolas da Série A esse ano tiveram muitas dificuldades sem os recursos da Prefeitura. Esse ano foi muito mais difícil. Mas a escola veio bem. Vamos torcer”, comentou
Inocentes de Belford Roxo

A Belford Roxo homenageou a maior jogadora brasileira de futebol de todos os tempos. O enredo “Marta do Brasil – Chorar no começo para sorrir no fim”, contou a história de luta, superação e glórias de Marta nos campos e na vida.
Em 2019, com o samba “O Frasco do Bandoleiro – Baseado num causo com a boca na botija”, a escola conseguiu a 9ª colocação. A Belford Roxo participou do Grupo Especial em 2013, mas não conseguiu se manter.
Em 2020, o desfile foi comandado por Jorge Caribé, que retorna à escola depois de conquistar o título do então Grupo B em 2008.
Apesar de uma homenagem à alagoana, a bateria da Belford fez uma paradinha inspirada em “We will rock you”, do Queen.
Ao longo do desfile, a escola falou sobre a origem de Marta no Alagoas, no carro de abre-alas e suas conquistas no Brasil e em outros países através do futebol, em uma alegoria coberta com mais de 8.000 bolas.
No último carro, a própria jogadora era o grande destaque, acompanhada da mãe, dona Tereza da Silva, da namorada e de alguns amigos. O desfile, que contou com 15 alas, três carros e um tripé e 1.900 componentes, terminou com 53 minutos.
Unidos de Bangu

A Unidos de Bangu falou sobre os povos africanos – mais especificamente do Congo – através de um antigo contador de histórias (griô).
Com o enredo “Memórias de um Griô: a diáspora africana numa idade nada moderna e muito menos contemporânea”, a escola contou os horrores da escravidão, mas celebrou também a força e a resistência dos negros.
O desfile ficou sob responsabilidade do carnavalesco Bruno Rocha, que fez sua estreia na Sapucaí e na Bangu.
A escola ficou em 8º na Série A de 2019 com enredo sobre a batata. Criada em 1937, a Bangu é uma das cinco mais antigas do país, e participou do Grupo Especial pela última vez em 1963.
Depois de uma bela comissão de frente, que retratava os reis e as rainhas do Congo sequestrados para servir como escravos, o carro abre-alas apresentou um problema que tem sido comum este ano, com uma estátua com defeito no pescoço de sua figura central.
A segunda alegoria também teve dificuldades com a iluminação, que não funcionou.
Com 17 alas, três carros e um tripé e 1.700 componentes, a Bangu tomou um susto, desistiu de entrar com a bateria no recuo, acelerou o passo e mesmo assim encerrou seu desfile em 52 minutos.
Acadêmicos de Santa Cruz

A Santa Cruz narrou feitos, personagens e curiosidades no enredo “Santa Cruz de Barbalha: um conto popular no Cariri cearense”, sobre o município que acumula histórias e lendas desde a época que a região era habitada apenas pelos índios.
O carnavalesco Cahê Rodrigues, que ainda integra comissão responsável pelo desfile da União da Ilha, buscou mostrar eventos populares como o carregamento do pau da bandeira, as festas de Santa Antônio e cultura dos engenhos
Em 2019, também na Santa Cruz, Rodrigues comandou o enredo sobre a atriz Ruth de Souza, que deixou a escola no quinto lugar. A última vez da agremiação no Grupo Especial foi em 2003.
Com canos de PVC pintados, a comissão de frente simulava o movimento de um canavial, com uma plantação abençoada pelo Padre Cícero.
No meio do desfile, 50 homens carregavam o tronco de angico, representando a tradição do carregamento do mastro da bandeira de Santo Antônio, padroeiro da cidade.
Ainda no começo do desfile, a escola tomou um susto. O último dos três carros teve dificuldades para entrar na avenida e chegou a colidir com grades de proteção, mas não apresentou outros problemas e conseguiu completar desfile.
Com 20 alas, três carros e um tripé e 2.400 componentes, a Santa Cruz conseguiu manter seu desfile abaixo dos 55 minutos.
Imperatriz Leopoldinense

A Imperatriz Leopoldinense tenta voltar ao Grupo Especial ao reeditar o enredo que o bicampeonato à escola em 1981 que homenageou o compositor Lamartine Babo. Em 2020, o samba chamado “Só dá Lalá” celebra a obra musical do autor de hinos de vários grandes clubes de futebol do Rio.
Para isso, a Imperatriz convocou o carnavalesco bicampeão pela Mangueira, Leandro Vieira, que além de competir no Grupo Especial também participa do desfile da Caprichosos de Pilares no Acesso da Intendente Magalhães.
Em 2019, a Imperatriz amargou o 13º lugar com o enredo “Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós” e caiu para a Série A pela primeira vez em 40 anos.
Com diversos bonecos, a comissão de frente parecia ter ainda mais integrantes, e homenageou tradições do carnaval, transformando guarda-chuvas em uma grande saia.
O abre-alas levou à avenida uma das outras profissões de Babo. A grande locomotiva colorida da alegoria representava o programa de teatro que o compositor apresentada, “O trem da alegria”.
O desfile seguiu com referências à importância do homenageado no futebol. Alas representavam os quatro grandes times do Rio e a grande paixão do músico, o América.
À frente da bateria, outro grande destaque da escola, a cantora Iza personificava a realeza leopoldinense.
Com 18 alas, três carros e um tripé e 2.000 componentes, a Imperatriz encerrou seu desfile com 53 minutos.
Unidos de Padre Miguel

A Unidos de Padre Miguel celebrou a capoeira no enredo “Ginga”, que contou a história da dança que virou luta, desde sua origem como ritual de puberdade de jovens de tribo na África até a chegada ao Brasil nos navios negreiros.
A UPM tenta voltar a desfilar entre as grandes, algo que não faz desde 1972. Em 2019, com o enredo “Qualquer semelhança não terá sido mera coincidência”, a escola ficou com a sexta colocação.
Como era de se esperar, o gingado da capoeira apareceu diversas vezes pelo desfile do carnavalesco Fábio Ricardo, em sua estreia com a Unidos.
Depois de uma comissão de frente que retratava a origem da luta em um ritual, a escola teve problemas com o abre-alas. Obrigada a tirar algumas partes da alegoria, a UPM exibiu um grande buraco na avenida por alguns minutos.
O resto do desfile se seguiu sem grandes incidentes para a UPM, celebrando a ligação da África com o Brasil realizada pela capoeira. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeir, representando a festa de casamento de jovens angolanos, usavam toucas de látex para simular as pinturas da tribo.
A Unidos contou com 18 alas, três carros e um tripé e 2.000 componentes e encerrou sua participação em 54 minutos.
Império da Tijuca

O Império da Tijuca encerrou os desfiles da Série A do Rio com o enredo “Quimeras de um eterno aprendiz”, sobre educação, do carnavalesco Guilherme Estevão, de 24 anos.
A escola fez uma homenagem ao pedreiro Evando dos Santos, de 59 anos, conhecido como Carteiro Literário, semianalfabeto, morador da Vila da Penha, que recolheu 55 mil livros do lixo e criou uma biblioteca comunitária.
Com o enredo “Império do Café, o Vale da Esperança”, ficou com o 4º lugar em 2019. Sua última vez no Grupo Especial foi em 2014.
Na comissão de frente, o homenageado enfrenta monstros como o analfabetismo, representado por um dragão de cordel, mas cercado por personagens da literatura, como Dom Quixote, Emília e Macunaíma.
A escola foi uma das poucas a entrar com um quadripé na avenida, e teve até de conseguir uma permissão especial. A alegoria mostrava a saga de “Macunaíma”, de Mário de Andrade.
Finalizando, o Império da Tijuca apresentou uma utopia em seu último carro, com a ideia de uma educação gratuita, acessível e inclusiva.
A escola encerrou o último desfile da Série A, com 20 alas, três carros e um quadripé e 1.500 componentes com 54 minutos.
Fonte: G1