Seis escolas de samba encerram na segunda (24) os desfiles do Grupo Especial do carnaval 2020 do Rio.
A festa começa às 21h30, com a São Clemente, e deve terminar no fim da madrugada, quando a Beija-Flor cruzar os portões da Apoteose.
São Clemente
Coautor do samba que embalará o enredo “O conto do vigário”, o humorista Marcelo Adnet convidou para o desfile da São Clemente seus colegas de trabalho. Eduardo Sterblitch, Welder Rodrigues, Marcos Veras, Rosane Mulholand, Matheus Solano, Verônica Debom e Paulo Vieira são alguns dos comediantes que marcarão presença na Avenida.
Tanta graça é a marca da São Clemente — em meio a tantos enredos críticos, a agremiação optou por reforçar suas características como uma escola que se diverte com enredos satíricos.
A ideia da escola de Botafogo, na Zona Sul, é revisitar a história do Brasil, contando “malandragens e trambiques” que ficaram famosos desde o período colonial do país.
“A gente vai caminhar no tempo pela vigarice brasileira, desde o período colonial, desde o início da formação do Brasil, até o Brasil moderno. Vamos passar pelo crescimento das grandes cidades e como os vigaristas utilizavam a boa fé do povo brasileiro”, explicou o carnavalesco Jorge Silveira.
Em trechos da letra, o samba da escola diz: ‘tem laranja!’, ‘o país inteiro assim sambou’ e ‘caiu na fake news!’.
Segundo Jorge Silveira, o desfile vai abordar também a “vigarice tecnológica”, os golpes passados pelas redes sociais e a fake news. Apesar de apresentar um cenário crítico, o carnavalesco acredita que existe esperança para o povo brasileiro.
Ficha técnica
- Colocação em 2019: 12º lugar
- Quando desfila: primeira escola de segunda, às 21h30
- Carnavalesco: Jorge Silveira
- Enredo:”O Conto do Vigário”
- Rainha de bateria: Raphaela Gomes
A história de Brasília será contada pela Vila Isabel no carnaval 2020 como uma lenda indígena no enredo “Gigante pela própria natureza: Jaçanã e um índio chamado Brasil”, do carnavalesco Edson Pereira. Nessa lenda, a capital federal nasce para levar esperança aos povos da terra, onde vive o indiozinho Brasil.
“Nada mais lindo do que representar o nosso povo brasileiro como um grande gigante. Essa foi uma inspiração que eu tive de contar a história do Brasil de uma forma diferente”, disse o carnavalesco.
“É um enredo nada político, nada contestador. Não queríamos nada pejorativo. Por isso, o indiozinho é o fio condutor da história. A Vila vai mostrar que Brasília é na verdade um grande caldeirão de singularidades, construída por todos os povos”, disse Pereira, que destacou que a escola até buscou patrocínio, mas não recebeu nem um centavo de ninguém.
Ficha técnica
- Colocação em 2019: 3º lugar
- Quando desfila: segunda escola de segunda, entre 22h30 e 22h40
- Carnavalesco: Edson Pereira
- Enredo: “Gigante pela própria natureza: Jaçanã e um índio chamado Brasil”
- Rainha de bateria: Aline Riscado
Acadêmicos do Salgueiro
A Academia vai transformar a Marquês de Sapucaí num grande palco, neste carnaval, para contar a trajetória de Benjamin de Oliveira, o primeiro palhaço negro do Brasil.
O enredo “O rei negro do picadeiro” descortina a vida do multiartista, que fez história do picadeiro ao palco do Theatro Municipal.
O carnavalesco Alex de Souza conta que se encantou com a riqueza da história de Benjamin — filho de uma escrava liberta e de um capitão do mato — que aos 12 anos saiu de casa, em Pará de Minas (MG), para se integrar ao circo.
“Estava pesquisando outros assuntos, e o nome dele apareceu em várias ocasiões. Isso me chamou a atenção, e descobri um artista completíssimo com uma história fantástica, mas que é pouco conhecida. O fato de que ele estaria completando 150 anos acabou sendo uma feliz coincidência”, explicou o carnavalesco.
Benjamin ficou mais conhecido por ser o primeiro palhaço negro. Mas, além disso, também foi um pioneiro em vários aspectos nas artes cênicas.
“Ele criou o circo-teatro, onde representava peças de autores clássicos, no picadeiro. No século 19, quem tinha dinheiro ia ao teatro. O povão ia ao circo. Então, para fazer com que o povo tivesse acesso ao teatro, ele protagonizou várias peças, inclusive Shakespeare, no circo”, contou Alex.
Ficha técnica
- Colocação em 2019: 5º lugar
- Quando desfila: terceira de segunda-feira, entre 23h30 e 23h50
- Carnavalesco: Alex de Souza
- Enredo: “O rei negro do picadeiro”
- Rainha de bateria: Viviane Araújo
Unidos da Tijuca
Os componentes da Unidos da Tijuca vão viver um sonho neste carnaval. Além de vibrar com o retorno do carnavalesco Paulo Barros – com quem têm grande identificação –, vão ver a escola construir um Rio na Sapucaí: urbanizado, humanizado e principalmente voltado para o bem-estar da população.
O enredo é uma homenagem inspirada ao fato de que, este ano, o Rio é a capital mundial da arquitetura e vai sediar, em junho, o 27º congresso do setor.
Em “Onde nascem os sonhos”, Paulo Barros, Hélcio Paim e Marcus Paulo vão transformar o Rio na cidade ideal. Ou como disse Barros na sinopse, “a Tijuca se propõe a explorar o passado, entender o presente e arquitetar o futuro”.
A Unidos da Tijuca abre seu desfile com a capacidade do homem de criar abrigos – templos, pirâmides, castelos – para diferentes atividades. Logo depois, passa a retratar a arquitetura no Brasil, das ocas indígenas à construção de Brasília, obra do maior arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer.
A crítica, segundo o carnavalesco Marcus Paulo, fica pela falta de planejamento e de urbanização causadas pelo crescimento desordenado e que traz desequilíbrio ecológico, climático e social.
- Colocação em 2019: 7º lugar
- Quando desfila: quarta escola da segunda-feira
- Carnavalesco: Paulo Barros
- Enredo: “Onde moram os sonhos”
- Rainha de bateria: Lexa
Mocidade Independente de Padre Miguel
A cantora Elza Soares é a grande homenageada da Mocidade Independente de Padre Miguel. Grande nome da música brasileira, ela é tratada como deusa, uma mulher que luta por suas conquistas.
“É um enredo muito esperado pela escola, pela torcida, pela crítica especializada, pelos amantes do carnaval e pela música brasileira. É uma deusa que veio do povo, uma deusa que pode ser e representa todas as mulheres que trabalham, que acordam cedo, que são donas de seu nariz, que não têm medo de nada, que vão para a luta mesmo e conquistam”, disse o carnavalesco Jack Vasconcellos.
Hoje, a cabeça de Elza Soares recebe coroa de rainha. Mas todos sabem da luta, das ideias dessa cabeça que carregou “Lata d´água”. Ela já foi livro, já foi filme e agora é enredo de escola de samba. Elza diz que quer ver todos os momentos de sua vida na Avenida.
- Colocação em 2019: 6º lugar
- Quando desfila: penúltima escola da segunda-feira
- Carnavalesco: Jack Vasconcelos
- Enredo: “Elza Deusa Soares”
- Rainha de bateria: Giovana Angélica
Beija-Flor de Nilópolis
Em 2020, a escola vai apresentar o enredo “Se essa rua fosse minha”, dos carnavalescos Alexandre Louzada e Cid Carvalho.
É a história de estradas, rotas e caminhos por onde a humanidade passou até desembarcar na rua mais importante do carnaval carioca: a Marquês de Sapucaí.
- Colocação em 2019: 11º lugar
- Quando desfila: última escola da segunda-feira
- Carnavalescos: Alexandre Louzada e Cid Carvalho
- Enredo: “Se essa rua fosse minha”
- Rainha de bateria: Raíssa de Oliveira