Jornal Povo

Clínicas da família das Zonas Norte e Sul do Rio ficam sem atendimento após mudança na gestão

Clínicas da Família das zonas Norte e Sul do Rio estão com atendimento médico comprometido. Com a mudança de gestão das unidades de atenção básica do município, a maioria dos médicos não quis manter o contrato de trabalho, alegando perda salarial.

Na semana passada, a Rio Saúde, empresa pública da Prefeitura do Rio, assumiu a administração das unidades, o que já havia sido feito há dois meses nas Clínicas da Família da Zona Oeste. Os médicos, em assembleia, decidiram não assinar o contrato porque os salários foram reduzidos na troca da gestão.

Na manhã desta quinta-feira, o sindicato que representa a categoria disse que a negociação com a prefeitura parou durante o carnaval e que pelo menos 60% das vagas nas unidades das zonas Norte e Sul não foram ocupadas.

Em busca de atendimento médio, muitos pacientes madrugaram na fila nesta quinta-feira.

“Eu vim na quinta passada para saber da consulta, que estava marcada há uns 3 meses, e mandaram que viesse hoje. Eu cheguei aqui cinco horas da manhã, e estava cheio de gente. Eu ainda não sei se vou ser atendida, infelizmente”, disse a aposentada Olga Barreto, que aguardava na porta da Clínica da Família Souza Marques, no Campinho, Zona Norte.

Na Rocinha, Zona Sul, também faltavam médicos na clínica Rinaldo de Lamare. Não havia previsão de atendimento aos pacientes.

Para o diretor do Sindicato dos Médicos, Alexandre Duque, faltou planejamento por parte do Executivo municipal.

“A troca das OSs pela empresa pública de saúde poderia ter sido feita de maneira bem tranquila, lenta e gradual, com concurso público para todos os novos contratados. O que está sendo realizado agora impacta diretamente no serviço à população e também nos profissionais, que ficam sem saber muito o que vai acontecer nas próximas semanas”, diz.

O coletivo ‘Nenhum serviço de saúde a menos’ divulgou uma carta aberta à prefeitura dizendo que as unidades de atenção básica estão desestruturadas. Além disso, pede a criação de um gabinete de crise para lidar com a situação e a recontratação emergencial de profissionais.

A empresa pública declarou que trabalha para completar o quadro de funcionários das unidades e que as regiões afetadas já sofriam com falta de profissionais desde a gestão da Organização Social.

Sobre a reclamação dos rebaixamentos dos salários dos médicos, a Rio Saúde disse que os pagamentos estão de acordo com os pisos de cada categoria.

Crivella pede ‘paciência’ à população

Nesta manhã, durante inauguração de um aparelho de ressonância magnética no Hospital Miguel Couto, o prefeito Marcelo Crivella voltou a pedir paciência para a população que depende da rede pública de saúde.

“Estamos em um momento de transição, então a gente tem que ter um pouquinho de paciência agora, não é? É um momento em que nós estamos fazendo os concursos, dando posse às pessoas, reorganizando as equipes. Mas, logo logo, daqui a um mês no máximo, nós vamos estar com toda a atenção básica trabalhando de maneira muito melhor”, declarou o prefeito.

Essa não foi a primeira vez que a prefeitura pediu paciência à população por problemas na saúde. Foi assim também durante a crise nos hospitais Albert Schweitzer e Pedro Segundo.

Via: G1