Jornal Povo

Com motins e mais cargos, polícia ganha novas armas de politização; insatisfação atinge ao menos 14 estados

SÃO PAULO, BRASÍLIA E RIO – O motim de parte da Polícia Militar no Ceará, que chega hoje ao 13º dia, expôs fatores comuns a integrantes das forças de segurança de diversos estados brasileiros: a disputa por protagonismo político e a insatisfação generalizada. Ao mesmo tempo em que brigam por aumentos salariais e melhores condições de trabalho — no caso cearense, as reivindicações extrapolaram para a paralisação, proibida pela Constituição —, policiais militares almejam expandir a ocupação de ambientes institucionais e, consequentemente, incorporar mais força à mesa de negociações.

Paralisações das forças policiais, ainda que proibidas, não são novidade no Brasil, mas agora estão revestidas de maior articulação política. A ampliação do espaço de policiais civis e militares no Legislativo é causa e pode ser consequência da maior força de mobilização dos servidores de segurança. Entre as eleições de 2014 e 2018, cresceu de 12 para 59 o número de parlamentares egressos das forças policiais no Congresso e nas assembleias legislativas estaduais, um aumento de 391%.

Um levantamento do GLOBO identificou insatisfações em pelo menos 14 estados — em parte deles, policiais com conexões políticas conduzem as conversas. Em meio à conjuntura complexa, o governo federal monitora os movimentos pelo país, mas descarta, por ora, a possibilidade de que o motim do Ceará se espalhe por outras unidades da Federação.

Fonte: O Globo