Jornal Povo

Temporal que deixou 4 mortos deixa rastro de destruição; há previsão de mais chuva

A segunda-feira (2) começou com transtornos no Rio de Janeiro em decorrência da forte chuva que deixou quatro pessoas mortas e rastro de destruição no domingo (1º).

Ao todo 63 pessoas ficaram desalojadas e seis desabrigadas, segundo balanço divulgado na tarde de segunda. A Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos realizou 361 atendimentos em 12 bairros da Zona Oeste: Jardim Maravilha, Magarça, Sepetiba, Santíssimo, Campo Grande, Realengo, Vila Kennedy, Senador Camará Taquara, Parque Columbia, Acari e Muquiço.

Só na capital, havia registro de 21 ruas alagadas no começo da manhã. À tarde, o número já havia caído para 5. Mais chuva forte ainda é prevista para ao longo do dia.

Resumo até aqui:

  • Na capital, trens, metrôs, BRT e barcas operam normalmente;
  • Não há interdição de nenhuma grande via da cidade;
  • Aulas foram suspensas em diversas escolas da rede pública;
  • Ainda deve chover forte na capital e região;
  • Zona Oeste da capital é a que registra maiores transtornos;
  • Carros foram parar dentro de córrego;
  • Prefeito Crivella foi agredido ao dar entrevista em Realengo;
  • Cidades da baixada fluminense têm rastros de destruição;
  • Foram confirmadas as mortes de 4 pessoas; 1 está desaparecido.

O município do Rio permanece, desde as 0h20 de domingo, sob estágio de alerta, o quarto nível em uma escala de cinco. De acordo com o Sistema Alerta Rio, há previsão de chuva moderada a qualquer momento, podendo ser forte em períodos curtos. Por isso, a prefeitura recomenda que a população adie compromissos, permaneça em local seguro e só se desloque por área de risco em caso de extrema necessidade.

Apesar dos estragos registrados em todas as regiões da cidade, o transporte público funciona normalmente neste manhã. Trens, metrô, barcas e BRT operam normalmente. Na véspera, dois ramais da Supervia ficaram interditados e o BRT não funcionou no corredor Transcarioca, tendo ficado irregular nos outros dois corredores.

A Defesa Civil recebeu, desde a noite de sábado até a manhã de segunda, 349 chamados. As principais demandas foram por desabamento de estrutura (121), ameaça de desabamento de estrutura (63) e deslizamento de barreiras (79) e imóveis com rachadura e infiltração (31).

Os bairros de maior demanda são da Zona Oeste:

  1. Realengo (62 ocorrências)
  2. Taquara (36)
  3. Campo Grande (31)
  4. Bangu (17)
  5. Deodoro (14)

Ainda segundo a Defesa Civil, técnicos do órgão atuam desde a madrugada no atendimento aos chamados. Até a manhã deste segunda-feira foram registradas 16 interdições emergenciais de imóveis.

Por conta do risco iminente de danos geológicos em decorrência das chuvas, sirenes de alerta foram ativadas nas comunidades da Rocinha, Alemão, Joaquim de Queiroz, Morro da Fé, Rua Frey Gaspar, Nova Brasília, Palmeiras, Parque Alvorada, Cariri, Vila Cruzeiro, Rua Mirá, Adeus, Piancó, Sítio Pai João, Comandante Luiz Souto e Espírito Santo.

Veja os locais da capital onde mais choveu e o respectivo volume de chuva acumulado desde sábado:

  • Padre Miguel 220,2 mm
  • Santa Cruz 205,2 mm
  • Realengo 191,0 mm
  • Bangu 182,6 mm
  • Alto da Boa Vista 181,8 mm
  • Anchieta 171,2 mm
  • Vargem Pequena 163,8 mm
  • Jacarepaguá 158,6 mm
  • Grota Funda 157,4 mm
  • Barra/Barrinha 152,8 mm

Já na Região Metropolitana os maiores volumes de chuva foram registrados nas seguintes cidades:

  • Itaguaí 295,8 mm
  • Rio Bonito 209,8 mm
  • Queimados 172,6 mm
  • S. J. Meriti 117,8 mm
  • Nova Iguaçu 110,2 mm

Aulas suspensas

A Secretaria de Estado de Educação informou as aulas foram suspensas nas escolas afetadas pela chuva. São elas:

  • C.E. Jardim Gláucia – Belford Roxo
  • C.E. Jardim Ipê – Belford Roxo
  • C.E. Paulino Barbosa – Belford Roxo
  • C.E. Santa Tereza – Belford Roxo
  • C.E. Parque Amorim – Belford Roxo
  • C.E. Bom Pastor – Belford Roxo
  • Ciep 314 Galileu Galilei – Belford Roxo
  • Ciep 377 Carmem Da Silva – Belford Roxo
  • C.E. Irineu Marinho – Duque De Caxias
  • C.E. Fernando Figueiredo – Duque De Caxias
  • C.E. Professora Eliana De Almeida Dos Santos – Itaguaí
  • C.E. Ney Cidade Palmeiro – Itaguaí
  • Ciep 368 João Canuto – Itaguaí
  • C.E. Irene Meirelles – Macaé
  • C.E. Caetano De Oliveira – Mangaratiba
  • C.E. Montebelo Bondin – Mangaratiba
  • C.E. João Paulo Ii – Mangaratiba
  • C.E. Hermínia De Mattos – Mangaratiba
  • C.E. Poeta Mário Quintana – Mesquita
  • C.E. Ana Néri – Mesquita
  • C.E. Pierre Plancher – Mesquita
  • C.E. Arruda Negreiro – Nova Iguaçu
  • C.E. Desembargador José Augusto – Rio Bonito
  • C.E. Professor Dyrceu – Rio Bonito
  • C.E. Alfredo Pujol – Rio Claro
  • C.E. Rodrigo Otávio Filho – Rio De Janeiro/Vaz Lobo
  • C.E. Stuart Edgard Angel Jones – Rio De Janeiro/Santíssimo
  • C.E. Leopoldina Da Silveira – Rio De Janeiro/Bangu
  • C.E. Carlos Arnoldo Ambruzinni – Rio De Janeiro/Sepetiba
  • C.E. Professora Vilma Atanázio – Rio De Janeiro/Campo Grande
  • C.E. Carlos Magno Nazareth Cerqueira – Rio De Janeiro/Guaratiba
  • C.E. Paulo De Frontin – Rio De Janeiro/Rio Comprido
  • C.E. João Coelho Da Silva – São João Da Barra
  • C.E. Professora Sandra Maria – São João De Meriti
  • E.E. Praça Da Bandeira – São João De Meriti
  • Ciep 399 Jean Baptiste Debret – São João De Meriti
  • C.E. Caetano Belloni – São João De Meriti
  • Ciep 169 Maria Augusta Corrêa – São João De Meriti
  • Ciep 170 Gregório Bezerra – São João De Meriti
  • Ciep 115 Antônio Francisco Lisboa – São João De Meriti
  • C.E. Murilo Braga – São João De Meriti
  • C.E. Presidente Dutra – Seropédica

A Prefeitura de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, também anunciou a suspensão das aulas em 11 escolas municipais e atividades em meio período em outras três unidades.

Aulas suspensas em Nova Iguaçu:

  • CIEP 187 – Benedito Laranjeiras
  • CIEP 033 – Pixinguinha
  • E. M. Pera Flor
  • E. M. Janir Clementino
  • E. M. Campo Alegre
  • E. M. Ruy de Queiroz
  • EMEI Jardim Europa
  • CIEP 373 – Brigadeiros Teixeira
  • E. M. Ivonete dos Santos Alves
  • E. M. Rubens Falcão
  • E. M. Kerma Moreira Franco

Aulas em meio período:

  • E. M. Rui Barbosa
  • E. M. Darcy Ribeiro
  • E. M. Prof. Leonardo Carielo de Almeida

Unidades de saúde abertas

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, todas as unidades de saúde do município funcionam normalmente nesta segunda-feira. Clínicas da Família, Centros Municipais de Saúde, unidades de urgência e emergência, como hospitais e UPAs, também estão com funcionamento normal.

Zona Oeste foi a mais afetada

Na capital, a Zona Oeste foi a mais prejudicada pelo temporal. Segundo o Centro de Operações, somente entre Santa Cruz e Bangu choveu em apenas um dia quase o dobro do que era esperado para todo o mês. Pela manhã, ruas estavam tomadas por lama, entulhos, móveis e objetos diversos que foram arrastados de dentro das casas pela força das águas.

Em Realengo, na Zona Oeste, os moradores colocaram os móveis na rua. Tudo virou lixo. Várias casas ficaram com marcas da enchente nas paredes. Mais de 10 carros foram parar em um córrego na região do Barata.

Em Deodoro, na mesma região, moradores caminhavam com água na altura dos joelhos.

Em Santa Cruz, um morador gravou imagens que mostram ele caminhando na rua com a água na altura do peito.

Na Favela do Rola, na mesma região, a associação de moradores disse que cerca de 500 famílias tiveram que sair de casa.

Abrigo de animais alagado

No Recreio dos Bandeirantes, a sede da ONG Focinhos de Luz, localizada em Sepetiba ficou inundada na madrugada de domingo. O local atende pelo menos 120 animais entre cachorros e gatos.

Casa do Pontal: 8ª inundação

No Recreio dos Bandeirantes, também na Zona Oeste, o Museu Casa do Pontal alagou. A água tomou conta da parte de fora e da parte interna. Para salvar o acervo, funcionários tiveram que retirar e colocar algumas obras de arte em locais mais altos.

No Jardim Maravilha, o nível da água ainda estava na altura do joelho pela manhã. Muitos moradores passaram o domingo sem conseguir sair de casa, ilhados.

A chuva fez o Rio cabuçu-Piraquê transbordar, fazendo com que ficasse difícil diferenciar a rua do leito do rio. Um grupo usou um barco para socorrer cerca de 30 famílias que iriam buscar abrigo em casa de parentes.

Baixada Fluminense

Na Baixada Fluminense, cinco rios transbordaram deixando diversas regiões alagadas. Mesquita foi uma das cidades mais prejudicadas. Lá, teve uma rua que ficou completamente destruída pela força da enxurrada e até a sede da prefeitura foi danificada.

Imagens do bairro Jardins, em Seropédica mostram moradores nadando e usando um bote para se locomover, após a chuva do fim de semana. Todas as ruas do local ficaram inundadas.

O bairro fica às margens da BR-465. Os moradores ficaram ilhados, com casas cheias d’água. Em alguns locais, é possível ver até a correnteza da água da enchente. Em algumas casas, a marca do alagamento chega a um metro.

Quatro pessoas morreram durante o temporal. A primeira morte ocorreu no Tanque, Zona Oeste, onde Flávio Silva, de 40 anos, foi retirado já morto dos escombros de um imóvel que desabou após deslizamento de terra, por volta das 4h25 de domingo. Segundo a Defesa Civil do RJ, a casa ficava na Rua Almirante Melquíades de Souza, 319.

Ainda de madrugada, por volta das 5h58, os bombeiros foram chamados para um atendimento na Taquara onde uma mulher foi encontrada morta no cruzamento da Rua Apiacás com a Estrada do Tindiba. Ela foi identificada como Vânia Nunes, de 75 anos. A suspeita é que ela tenha sofrido uma descarga elétrica ao encostar em uma banca de revista durante alagamento.

Por volta das 19h30, os bombeiros confirmaram a morte de um homem em Mesquita, na Baixada Fluminense. Misael Xavier, 62 anos, morreu em um desabamento na Estrada Feliciano Sodré. Não há detalhes da ocorrência, segundo a corporação.

Por volta das 21h, moradores de Acari, na Zona Norte, informaram que um homem de 44 anos morreu afogado no bairro. Até às 20h55, os bombeiros não confirmavam essa quarta vítima. Segundo a Defesa Civil, a vítima foi levada por moradores para o Hospital Ronaldo Gazzolla, no mesmo bairro. A secretaria de Saúde do Rio ainda não informou a causa da morte.

Ainda segundo os Bombeiros, outro desabamento de imóvel foi registrado em Magé, na Região Metropolitana, deixando duas pessoas feridas. As vítimas foram identificadas como Maria R. Mendes, de 22 anos, e Flávio A. Pereira, de 27 anos. Ambos foram levados para o Hospital de Magé. O estado de saúde deles não foi informado.

Via: G1