Um médico boliviano foi preso nesta quinta-feira (5), no RJ, suspeito de falsificar documentos para adoção irregular de bebês. A prisão, em flagrante, foi por crime contra o consumidor.
No consultório de Oscar Rodolfo Herba, na Baixada Fluminense, a polícia encontrou R$ 128 mil em espécie e remédios fora da validade.
A investigação começou no ano passado. A polícia descobriu que o Documento de Nascido Vivo de duas irmãs gêmeas de São Gonçalo foi emitido com o nome da mãe adotiva. As meninas têm hoje 7 anos.
Há a suspeita de que Oscar usou esse procedimento em outras adoções.
Em depoimento à polícia, o médico negou as acusações.
Famílias depõem
A polícia encontrou a mãe biológica das meninas gonçalenses e ouviu os pais que as adotaram.
Segundo a investigação, em 2012, a mãe das meninas era usuária de drogas. Em depoimento, a mulher confirmou que as crianças foram entregues a uma família e que Oscar intermediou os encontros.
Já os pais adotivos contaram para a polícia que a grávida, já mãe de três filhos, alegou na época não ter condição de ficar com as gêmeas. Após o interesse dos futuros pais adotivos, a gestante teria imposto uma condição: o parto teria que ser feito por Oscar.
O casal assumiu todas as despesas da mãe biológica desde o terceiro mês de gestação. E também pagou pelo parto e por uma cirurgia de ligadura de trompas.
O casal conta que, logo na primeira consulta, o médico aconselhou a grávida a mostrar, no momento da internação para ter as filhas, a certidão de nascimento da mulher que queria ficar as meninas — e não a dela.
A mãe biológica confirmou à polícia que usou os documentos da outra mulher quando chegou à maternidade. O combinado era a mãe biológica dizer que só tinha este documento porque todos os outros teriam sido perdidos durante uma enchente.
O parto aconteceu em fevereiro de 2013 numa clínica escolhida pelo médico em São Gonçalo. O estabelecimento fechou.
Logo após o nascimento, com as declarações de nascido vivo assinadas pelo médico boliviano e com o nome da mãe trocado, as duas gêmeas foram registradas como filhas do casal.
A polícia investiga participação de mais pessoas no crime e já tem pistas sobre outro caso de falsificação envolvendo um recém-nascido.
“Existem informações nos autos de que esse médico também realizou outro parto e entregou um bebê a um casal de estrangeiros que levou a criança a outro país”, afirmou o delegado José Paulo Pires.