No fim de semana seguinte ao do temporal que atingiu a Zona Oeste do Rio e parte da Baixada Fluminense, moradores contaram com a solidariedade de vizinhos e até de “super-heróis” para reconstruir suas vidas.
As fortes chuvas dos dias 29 de fevereiro e 1º de março deixaram cinco mortos e inundaram bairros inteiros por quase uma semana. Esta semana, a Prefeitura do Rio fará um levantamento para recapear as ruas destruídas.
Doações e mutirões
Realengo foi um dos bairros mais afetados no Rio. Uma igreja metodista virou ponto de apoio de doações e de voluntários. Neste fim de semana, um grupo se fantasiou de Homem-Aranha e Mulher-Maravilha e entregou donativos.
A missionária Daniele Menezes conta que seu grupo separa um tempo para fazer comida e levar aos necessitados. “Em um dia nos distribuímos 2.300 quentinhas”, disse.
Dona de uma padaria, Solange Lotus também distribuiu sanduíches para a vizinhança.
“Conseguimos ajudar aqui e outros bairros. Eu ajudo com pão, outro ajuda com sabonete, e nisso foi uma união assim tão grande que todo mundo se abraçou”, destacou.
O engenheiro Rodrigo Melo Ribeiro contribuiu com água. “Hoje eu só trouxe isso, mas esta semana eu vou arrecadar roupa e alimentos e venho com o caminhão fechado. Ainda tem muita gente precisando”, afirmou.
Medo de novos alagamentos
O Rio Piraquara, que transbordou na semana passada, ainda está cheio de entulho que foi levado pela força da água. Com o rio assoreado, os vizinhos têm medo de novos transbordamentos.
Um deles é o contador Jorge Luis de Oliveira Sobrinho. “Provavelmente na próxima chuva, como não tem mais rio praticamente, que ele está aterrado, a probabilidade de ter uma nova enchente é muito grande. Já foi um pedaço do solo”, teme.
A Rioáguas disse estar fazendo desde o dia 2 a limpeza nos rios Piraquara e Catarino. O órgão ponderou que as casas construídas às margens dos rios dificultam o escoamento da água e que vai notificar os moradores dessas áreas onde é proibido construir.
Na Baixada, dia de limpeza
O domingo de sol ainda teve muito trabalho na Baixada Fluminense.
Em Seropédica, moradores conseguiram uma retroescavadeira por meios próprios para tirar a lama das ruas. No sábado, caminhões do município levaram parte do entulho e do lixo.
Na casa da analista financeira Joelma Santos, as paredes mofaram e poucos móveis restaram. Ela e o marido, Ewerton da Silva, perderam duas máquinas de lavar em um ano por causa de alagamentos.
“A gente perde todo ano alguma coisa e tem que recomeçar. É uma sensação de impotência, porque a gente cumpre com o nosso dever, paga os impostos, e não tem retorno algum”, lamentou Ewerton.
Em Itaguaí, a rede de esgoto do bairro Santana ainda está entupida.
“Eu tive um trabalho danado para cavar e tirar essa lama todinha de casa”, relatou o aposentado Mário Siqueira. “Só que da rua não tem para onde sair, que a galeria está toda entupida de esgoto”, alertou.
A Prefeitura de Itaguaí disse que já desentupiu as manilhas e retirou o lixo. Já a Prefeitura de Seropédica garantiu que vem fazendo a limpeza nos bairros atingidos.
Via: G1