Moradores de comunidades do Rio estão preocupados com a propagação do coronavírus e o contágio diante de aglomerações. Na Rocinha, uma das regiões mais populosas do Rio, moram cerca de 200 mil pessoas em habitações bem próximas. São 32 bairros, com muitos moradores e pouco espaço.
O local é também um ponto turístico. A associação de moradores já solicitou aos grupos turísticos que evitem o local durante a pandemia. Mas os turistas continuam visitando a favela.
Um dos líderes da comunidade, Wallace Pereira, falou, nesta terça-feira (17) sobre a preocupação com o fluxo de turistas na região.
“O que os moradores estão mais preocupados é em saber com os especialistas, o governo do estado e a prefeitura se os turistas, em visitação à nossa comunidade, transmitem o coronavírus”, questiona o líder comunitário.
Vulnerabilidade
Segundo a médica Chrystina Barros, pesquisadora em saúde da Uerj, o risco de contaminação é real.
“Se a gente pensar, esses turistas, além de circularem pelo mundo, vão entrar em um local aonde as pessoas já têm uma condição de vida desfavorecida e aonde o isolamento social é muito mais difícil. Essas pessoas certamente serão muito impactadas no momento em que a gente tiver o vírus dentro dessa comunidade. Serão um grande ponto de expansão da doença e, nesse sentido, elas estão muito vulneráveis”, destacou a pesquisadora.
Segundo ela, o momento não é de se fazer turismo na Rocinha ou em qualquer comunidade do Rio. “Isso é uma falta de cuidado, de respeito e de solidariedade, inclusive”, defendeu.
Para a médica, a chegada do vírus às comunidades do Brasil pode ampliar o número de contaminados em uma velocidade ainda maior.
“Essas pessoas vão circular pela cidade no transporte público, prestam serviço em nossas casas, nas lojas, nos supermercados e estarão utilizando os nossos sistemas de saúde, mesmo que elas utilizem o sistema público. Mas a gente não pode esquecer que por trás de todos os sistemas de saúde, seja o público ou o privado, existe uma cadeia de produtos e de profissionais que serão sobrecarregados”, ressalta.
E completou:
“O isolamento social não sempre será possível, se você imaginar que muitas vezes famílias com sete ou mais pessoas vivem em um cômodo. Então, essas pessoas têm que ter um cuidado redobrado com a lavagem de mãos”, finalizou.
Via: G1