O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reduziu nesta quarta-feira (17) a taxa básica de juros da economia brasileira de 4,25% para 3,75% ao ano. A decisão foi unânime.
Com a redução, o juro básico recuou ao menor patamar desde 1999 – quando entrou em vigor o regime de metas para a inflação. Em pesquisa realizada na semana passada pelo BC, a maisr parte do mercado projetava um corte menor nos juros, para 4% ao ano.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reduziu nesta quarta-feira (17) a taxa básica de juros da economia brasileira de 4,25% para 3,75% ao ano. A decisão foi unânime.
Com a redução, o juro básico recuou ao menor patamar desde 1999 – quando entrou em vigor o regime de metas para a inflação. Em pesquisa realizada na semana passada pelo BC, a maior parte do mercado projetava um corte menor nos juros, para 4% ao ano.
A decisão do BC, tomada em meio à crise gerada pela pandemia do coronavírus, segue o exemplo de outros bancos centrais do mundo, como o Federal Reserve (BC norte-americano) e o Banco da Inglaterra.
O anúncio do Banco Central cita, como fatores que compõem o cenário econômico atual:
- a “desaceleração significativa do crescimento global”,
- a queda dos preços das commodities;
- o “aumento da volatividade nos preços de ativos financeiros”,
- e os impactos futuros do coronavírus na economia – que, segundo o BC, ainda não estão refletidos nos dados mais recentes da atividade econômica brasileira.
O comunicado fala em “cautela” na condução da política monetária, mas não descarta que os juros básicos da economia caiam ainda mais, a depender da conjuntura.
“O Copom entende que a atual conjuntura prescreve cautela na condução da política monetária, e neste momento vê como adequada a manutenção da taxa Selic em seu novo patamar. No entanto, o Comitê reconhece que se elevou a variância do seu balanço de riscos e novas informações sobre a conjuntura econômica serão essenciais para definir seus próximos passos”, diz a nota do conselho.
“O Banco Central do Brasil ressalta que continuará fazendo uso de todo o seu arsenal de medidas de políticas monetária, cambial e de estabilidade financeira no enfrentamento da crise atual.”
Nesta terça (17), o governo federal informou que pedirá ao Congresso Nacional para reconhecer estado de calamidade pública. A medida, na prática, autorizará o Poder Executivo a não cumprir a meta fiscal deste ano, que prevê déficit fiscal de R$ 124,1 bilhões.
Atividade em queda
Com a inflação comportada, o corte de juros denota preocupação do Banco Central com a desaceleração do nível de atividade da economia mundial.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo, já reduziu de 2,9% para 2,4% a previsão de crescimento da economia global.
A expectativa dos analistas do mercado era de alta de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Entretanto, na semana passada, o mercado reduziu a projeção para 1,68%.
Em relatório divulgado nesta semana, a Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado Federal, avaliou, porém, que “a mera redução dos juros não resulta em respostas diretas da atividade econômica”.
Segundo a IFI, o nível de atividade também depende “da confiança dos agentes, da previsibilidade a respeito das ações a serem tomadas no campo fiscal [contas públicas], do ambiente de negócios e do quadro internacional”.
De acordo com analistas, porém, um novo corte na taxa de juros pelo Copom pode intensificar as pressões de alta do dólar. Isso porque a redução da Selic diminuiria a rentabilidade das aplicações financeiras no país – o que poderia estimular uma retirada adicional de recursos de estrangeiros.