Jornal Povo

Ronaldinho Gaúcho, 40 anos: Rei em Barcelona, aplausos do Real e inspiração para Xavi e Messi

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R40: O rei da Catalunha! Como Ronaldinho Gaúcho foi preparado para chegar ao topo do mundo do futebol

Um jogador é capaz de mudar a vida de um clube e de uma cidade? Ronaldinho Gaúcho provou que sim. O segundo episódio da série do Esporte Espetacular mostra a melhor fase da carreira do craque brasileiro. O período no qual ele foi eleito duas vezes o melhor do mundo e tornou-se uma celebridade planetária.

Ronaldinho chegou ao Barcelona num momento complicado. Há cinco anos o clube não vencia o campeonato espanhol e a única Champions fora conquistada em 1992. O jornalista Ramon Besa, do jornal “El País”, acompanhou a passagem do jogador pelo futebol espanhol. E afirma que a chegada de Ronaldinho foi uma revolução dentro e fora de campo.

– O Barcelona estava num quarto escuro, numa depressão absoluta. As pessoas não se interessavam pelo Barça, por futebol e ninguém queria saber de nada.

Ronaldinho durante apresentação do Barcelona em 2003 — Foto: Getty Images
Ronaldinho durante apresentação do Barcelona em 2003 — Foto: Getty Images

Ronaldinho foi uma contratação de última hora, inclusive com a intervenção de Jordi Puyol, que era o governador naquele momento. E que pediu aos responsáveis pelo Barcelona que contratassem uma figura que seria importante para dar vida à cidade, dar vida ao Camp Nou – disse Besa.

O Esporte Espetacular falou também com Xavi e Iniesta, companheiros de conquistas no Barcelona. Dois dos maiores jogadores da história do futebol espanhol que confirmam a importância que Ronaldinho teve para o Barcelona se transformar.

– A contratação do Ronaldinho foi uma inspiração para todos – recorda Xavi.

– Acredito que para todos os torcedores do Barcelona, nós, jogadores, a chegada dele mudou a história, o estado de ânimo, a forma como jogávamos futebol – disse Iniesta.

Ronaldinho durante sua apresentação no Barcelona em 2003 — Foto: AP
Ronaldinho durante sua apresentação no Barcelona em 2003 — Foto: AP
Ronaldinho também foi inspiração para Messi, que iniciava sua carreira profissional quando o brasileiro era o Rei da Catalunha — Foto: Denis Doyle/Getty Images
Ronaldinho também foi inspiração para Messi, que iniciava sua carreira profissional quando o brasileiro era o Rei da Catalunha — Foto: Denis Doyle/Getty Images

Aplausos da torcida do Real

O Barcelona, com Ronaldinho, recuperou a hegemonia na Espanha, foi bicampeão nacional e conquistou a Champions 2005-2006. A partida mais simbólica do seu reinado na Catalunha foi a do dia 19 de novembro de 2005. O Barcelona derrotou o galáctico Real Madrid, fora de casa, por 3 a 0, com dois gols de Ronaldinho. A atuação soberba do jogador foi premiada com aplausos da torcida rival no Santiago Bernabeu. Um gesto que ficou marcado na história.

Para o repórter Marcos Uchoa, o que aconteceu naquela noite, em Madrid, transcende o futebol:

– É uma apoteose, quase inédita, em esporte. Não diria nem em futebol só não. E ali, no palco do teu maior inimigo. Jogando aquela bola, com aquele sorriso. Isso desarmava o ódio que existe nas arquibancadas.

Queda na Copa de 2006

A chama de Ronaldinho começou a se apagar justamente depois da sua maior glória no Barça. Menos de um mês depois de conquistar a Champions, começou aquela que seria a Copa de Ronaldinho Gaúcho – era o que o mundo esperava. Mas ele não foi bem na Alemanha em 2006, no seu segundo e último Mundial.

Carlos Alberto Parreira, técnico do Brasil em 2006, diz que o jogador chegou na copa de “tanque vazio”.

– A minha sensação e a minha explicação: o Ronaldinho terminou a Champions quatro dias antes de se apresentar à Seleção Brasileira. O certo teria sido dar 10 dias de folga para ele. Vai, descansa, faz o que você quiser e volta cinco dias antes do primeiro jogo. Hoje eu penso assim – disse o treinador.

Depois da Copa de 2006, Ronaldinho não foi mais o mesmo na Europa. Ele deixou o Barcelona em 2008, um pouco antes de conquistar a medalha de bronze com a seleção olímpica em Pequim. No Milan teve alguns lampejos, insuficientes para garantir uma vaga na seleção de Dunga na Copa da África do Sul em 2010. Em 2011, depois de dez anos na Europa, voltou ao Brasil.

– Acabou o sonho? Como a luz que se apaga. Não é eterno – resume o jornalista espanhol Ramon Besa.

Ronaldinho contra o Japão na Copa de 2006 — Foto: Getty Images
Ronaldinho contra o Japão na Copa de 2006 — Foto: Getty Images

Fonte: Globoesporte