Jornal Povo

EXCLUSIVO: VENDA DE CARROS USADOS DESPENCA 90,3% EM UMA SEMANA POR CONTA DO CORONAVÍRUS

mercado de carros usados/seminovos no Brasil já teve a primeira amostra do impacto da pandemia da Covid-19. De acordo com a Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), a prévia dos números de março apontam uma queda de 91,77% nas vendas da última semana em relação ao resto do mês.

Na primeira quinzena, a média registrada foi de quase 61 mil veículos por dia. Na 3ª semana do mês, o número teve uma leve queda51.538 (-15,56%). Porém, a última semana foi vertiginosa: 90,3% e apenas 5.014 transações.

Em termos de comparação, ao longo das quatro semanas de março/2019, a média diária foi de mais de 47 mil veículos. Vale lembrar que esse número engloba carros, comerciais, leves (picapes), motos e pesados.

decreto de fechamento das lojas, a parada dos órgãos públicos, como o Detran, e o cancelamento de feirões (para evitar aglomerações), além da esperada recessão na economia, são algumas razões para a queda acentuada.

 (Foto:  )

Sofremos, assim como todo o comércio em geral, uma redução nas vendas causada pelo afastamento social”, aponta Ilídio dos Santos, presidente da Fenauto. “A comercialização vinha se mantendo positiva até a primeira semana de março. No entanto, à medida em que a quarentena foi sendo ampliada, com o fechamento da maioria do comércio, determinada pelos governos estaduais, esse índice positivo foi, logicamente, decrescendo”, completa.

O revendedor Alfredo Ricardo, que trabalha há 25 anos no setor,  já sentiu na pele – e no bolso – as consequências. “A minha meta esse mês estava projetada para dez carros. E estava indo muito bem. Vendi sete em março, mas parou nisso”, conta.

Com saldo positivo na maior parte do mês, o impacto no acumulado mensal será camuflado. A Fenauto espera fechar março com queda de 12,1% em relação a fevereiro – 901.223 contra 1.025.281.

Exclusivo: Venda de carros usados despenca 90,3% em uma semana por ...

Porém, com a manutenção da quarentena em abril, o revendedor demonstra preocupação com o futuro. “Temos a esperança de que vamos voltar a trabalhar no meio de abril, mas estamos dependendo do que o governo irá decidir. A nossa empresa é pequena. Empresa pequena tem fôlego para 20, 30 dias, mas está acabando”, explica.

vendedor diz que perdeu negócios. “O que eu trouxe de trabalho para casa não consegui finalizar. Não fiz nenhuma venda. Na verdade, perdi duas que já estavam quase finalizadas. Os clientes desistiram”, afirma.

O reflexo no acumulado do ano também é menos preocupante que o futuro: no 1º trimestre de 2020 foram comercializados 3.143.864 – 5,4% a menos do que no mesmo período do ano passado.