Jornal Povo

“Segunda casa” do Flamengo na Libertadores, Equador vive crise e incertezas com o Covid-19

Quando a Libertadores recomeçar, o Flamengo terá ainda dois jogos fora pela fase de grupos, ambos no Equador, contra Independiente del Valle e Barcelona. O país que será a “segunda casa” da equipe de Jorge Jesus na competição vive uma situação bastante complicada na luta para conter a pandemia do coronavírus.

A Conmebol inicialmente suspendeu a Libertadores até o dia 5 de maio, mas já considera ampliar este prazo para que todos os países reúnem melhores condições. Há ainda a questão de algumas fronteiras estarem fechadas. Os equatorianos interromperam seus jogos desde o dia 14 de março.

Até o fim de manhã de sexta, o Equador já contabilizava 3.368 casos (mais 3.661 suspeitos) e 145 mortes confirmadas. A sensação no país é de que este número seja muito maior, porque, embora tenha exames disponíveis, não há capacidade para processá-los.

O grande problema no Equador, que tem população 12 vezes menor que a do Brasil e território 30 vezes menor, é a região de Guayaquil, onde o Barcelona disputa suas partidas. A cidade, que ganhou o apelido de a “Wuhan do Equador”, tem 2.388 casos (quase 71% do total) e a maior taxa de mortalidade por Covid-19 na América Latina.

Muitas pessoas abandonaram os corpos de familiares nas ruas no Equador

O sistema funerário do país entrou em colapso, e as ambulâncias precisam escolher entre tentar salvar os doentes ou recolher os corpos. Com a demora, muitos começaram a ser colocados na rua. Somente na última quarta-feira cerca de 150 corpos foram removidos, ainda sem o teste para a doença.

Ao jornal uruguaio “Ovación”, o volante do Barcelona Bruno Piñatares deu um testemunho da situação em Guayaquil.

– Os vídeos que circulam são fortíssimos e muito chocantes. Com pessoas mortas nas ruas e demoram muito a recolher os cadáveres. É consequência de a saúde pública estar transbordada. Não há leitos e não há como fazer os testes, assim como em outros países. As ambulâncias não dão conta, e priorizam salvar os doentes do que retirarem os mortos – disse o jogador.

O Banco Mundial anunciou empréstimo de 20 milhões de dólares para auxiliar, mas a situação parece estar longe de melhorar.

Futebol em junho? Clubes tentar soluções para questão financeira

O Comitê de Operações de Emergências do Equador informou que os eventos com público estão suspensos até maio. Neste cenário, em tese as partidas de futebol poderiam ser realizadas novamente a partir de junho, mas ainda é difícil prever.

Assim como os clubes do Brasil e dos outros países do continente, os equatorianos discutem como pagar os salários dos jogadores durante este período de paralisação. A redução é uma das medidas analisadas. A maior parte das equipes, segundo os dirigentes, só tem capacidade para pagar mais duas folhas.

Fonte: Globoesporte