Jornal Povo

Qual o impacto financeiro da crise? No Flamengo, Ribeiro e Arão apostam em gestão para proteger o bolso

Um olho no corpo, o outro no bolso. O elenco do Flamengo completa nesta segunda-feira três semanas com as atividades suspensas por conta do coronavírus. E se todo mundo tem a orientação de seguir a planilha de treinamentos para minimizar os impactos na parte física, Everton Ribeiro e Willian Arão vão além. A dupla se movimenta também de olho no rebote da pandemia no cenário econômico.

Com efeitos já evidentes no futebol, como o corte de parte dos salários realizado por clubes mundo afora (Atlético-MG e Fortaleza são os da Série A do Brasileirão que adotaram a mesma medida), os dois jogadores do Flamengo colhem os frutos de uma preocupação que vem desde antes da Covid-19. Ribeiro e Arão fazem parte de um grupo de atletas que trabalha em parceria com uma empresa de assessoria no planejamento financeiro e investimento do patrimônio.

“Ter um conhecimento melhor de como gerir o dinheiro, o patrimônio, facilita e dá uma tranquilidade maior. Sabemos que é difícil para todo mundo e ajuda para saber enfrentar esses momentos”

– Trabalho há bastante tempo com a “Top Soccer” e me ensinaram muito. Me permite traçar alguns cenários para passar por isso já pensando no futuro. A carreira tem prazo de validade. Vou ter que me reinventar – relata o capitão rubro-negro em depoimento institucional para “Top Soccer”, com quem trabalha desde os tempos de Cruzeiro.

A empresa, que atende cerca de 80 jogadores, oferece ainda outros serviços no sentido de desburocratizar e indicar rumos fora dos gramados. A cartela de clientes conta ainda com César e ex-rubro-negros, como Léo Duarte, Thiago, Rodinei e Márcio Araújo.

Goleiro César também trabalha em parceria com assessoria financeira — Foto: Divulgação/Flamengo
Goleiro César também trabalha em parceria com assessoria financeira — Foto: Divulgação/Flamengo

Curioso sobre o mercado financeiro, Willian Arão vai além das orientações sobre como gerir o próprio patrimônio e se aventura também no ramo de investimento em ações. Para o volante, a assessoria é mais importante para ensinar o jogador a tomar decisões do que somente para indicar rumos.

– Gosto dessa movimentação econômica e estou aprendendo cada vez mais. Ações, por exemplo, estou embarcando agora, e é importante saber o que está fazendo, estar atento à taxa Selic, que tem baixado muito com esses acontecimentos.

O Flamengo ainda não tomou decisões radicais a respeito da folha salarial. O pagamento de março caiu na conta dos jogadores de maneira integral e a perspectiva da diretoria é de que ao menos até o fim do abril seja viável evitar desgastes de uma provável renegociação futura.

“Dá uma tranquilidade. Primeiro, para a administração do nosso dinheiro para o futuro. Faculdade dos filhos, por exemplo. E acabamos nos prevenindo para momentos como essa, onde ninguém sabe o que vai acontecer nas próximas semanas e meses. Conhecer e investir dá uma segurança enorme”, diz Arão.

Sócio da empresa de assessoria, Marcelo Claudino deu início ao projeto tendo como público principal jogadores de vôlei há 12 anos e migrou para o futebol. Para o empresário, o panorama é muito mais de precaução e medidas defensivas do que assumir riscos.

– Neste momento, o que pode ser feito é um rebalanceamento de portfólio, minimizando perdas futuras. É uma crise que estava fora do radar financeiro mundial. Tentamos atenuar essas perdas em curto prazo. Mas nem sempre é possível. Muitas vezes é necessário aguardar uma recuperação.

Juventus reduziu parte do salário do elenco para minimizar efeitos da crise — Foto: Getty Images
Juventus reduziu parte do salário do elenco para minimizar efeitos da crise — Foto: Getty Images

Se na elite do futebol brasileiro apenas Atlético-MG e Fortaleza já cortaram o salário de seus jogadores (o São Paulo é outro que tenta negociar), no milionário futebol europeu a realidade é mais impactante. Lionel Messi anunciou que os jogadores do Barcelona abriram mão de 70% da remuneração para que os funcionários não fossem afetados e a Juventus revelou economia de 90 milhões de euros (mais de R$ 510 mi) no período de paralisação do futebol com cortes na folha.

O momento é de indefinição no badalado e bem pago mundo da bola. Willian Arão e Everton Ribeiro sabem bem disso.

Fonte: Globoesporte