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Inflação oficial desacelera para 0,07% em março, menor taxa para o mês desde 1995

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, desacelerou para 0,07% em março, depois de ter registrado uma taxa de 0,25% em fevereiro, segundo divulgou nesta quinta-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse é o menor resultado para o mês de março desde 1995. Trata-se também da menor taxa para um mês desde setembro do ano passado, quando houve deflação de 0,04%.

No ano, o indicador acumula alta de 0,53% e, nos últimos 12 meses, 3,30% – bem abaixo do centro da meta para o ano, que é de 4%.

O resultado de março do IPCA reflete a baixa atividade econômica do país, mas ainda assim mostrou as consequências das medidas de isolamento devido à pandemia do coronavírus com aumento dos preços da alimentação em domicílio.

IPCA mês a mês — Foto: Economia G1
IPCA mês a mês — Foto: Economia G1

Em virtude da pandemia de Covid-19, o IBGE suspendeu, no dia 18 de março, a coleta presencial de preços. Desde então, os preços passaram a ser coletados por outros meios, como pesquisas em sites de internet, por telefone ou e-mail.

“Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados no período de 3 a 30 de março de 2020 (referência) com os preços vigentes no período de 29 de janeiro a 2 de março de 2020 (base)”, informou o IBGE.

O que caiu e o que subiu

Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, três tiveram deflação em março.

No lado das quedas, embora a menor variação tenha sido a dos artigos de residência (-1,08%), a maior contribuição negativa no índice do mês (-0,18 p.p.) veio dos transportes (-0,90%), com mais um recuo nos preços das passagens aéreas (-16,75%) e dos combustíveis (-1,88%). Todos os combustíveis caíram em março: etanol (-2,82%), óleo diesel (-2,55%), gasolina (-1,75%) e gás veicular (-0,78%).

Alimentação em casa acelera alta em meio a pandemia

Fila e aglomeração em supermercado Bergamini, na Zona Norte de São Paulo, em meio a pandemia de coronavírus — Foto: Arquivo pessoal
Fila e aglomeração em supermercado Bergamini, na Zona Norte de São Paulo, em meio a pandemia de coronavírus — Foto: Arquivo pessoal

Em meio ao isolamento e distanciamento social, o grupo alimentação e bebidas apresentou a maior alta de preços no mês (1,13%), e o maior impacto, 0,22 ponto percentual (p.p.) no mês, mostrando aceleração em relação ao resultado de fevereiro (0,11%). Entre os itens que ficaram mais caros, destaque para ovo de galinha (4,67%), a batata-inglesa (8,16%), o tomate (15,74%), a cebola (20,31%) e a cenoura (20,39%). Já o preço das carnes (-0,30%), caiu pelo terceiro mês consecutivo, embora o recuo tenha sido menos intenso do que o registrado no mês anterior (-3,53%).

“Os números sugerem que as pessoas estão comprando mais para comer em casa, o que indica que não estão saindo para comer”, disse o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

Segundo o IBGE, a alimentação fora do domicílio ficou 0,51% mais cara em março, puxada pela alta do lanche (1,90%). O custo da refeição, por outro lado, registrou deflação (-0,10%), após a alta de 0,35% fevereiro.

“Na alimentação em domicílio se viu uma alta, com bares e restaurantes fechados as pessoas estão comprando por estarem mais em casa. Os preços em casa subiram ou por maior demanda ou por restrição de produtos”, completou.

Veja a inflação de março por grupos e o impacto de cada um no índice geral:

  • Alimentação e bebidas: 1,13% (0,22 ponto percentual)
  • Habitação: 0,13% (0,02 p.p.)
  • Artigos de residência: -1,08% (-0,04 p.p.)
  • Vestuário: 0,21% (0,01 p.p.)
  • Transportes: -0,90% (-0,18 p.p.)
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,21% (0,03 p.p.)
  • Despesas pessoais: -0,23% (-0,03 p.p.)
  • Educação: 0,59% (0,04 p.p.)
  • Comunicação: 0,04% (0 p.p.)

No grupo educação (0,59%), o maior impacto veio mais uma vez dos cursos regulares (0,74%), refletindo os reajustes normalmente praticados no início do ano letivo e incorporados no índice nos meses de fevereiro e março. Os cursos diversos, por sua vez, registraram queda (-0,27%), após a alta de 2,67% em fevereiro.

Já nas despesas com habitação (0,13%), o destaque foi a alta nos preços do do gás de botijão (0,60%) e da energia elétrica (0,12%).

Meta de inflação e perspectivas

Para 2020, os economistas das instituições financeiras projetam uma inflação de 2,72%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Neste ano, o centro da meta é de 4%, um pouco menor que em 2019. A meta terá sido cumprida se o índice oscilar de 2,5% a 5,5%.

A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 3,75% ao ano.

O mercado financeiro também passou a projetar um corte maior, de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, para 3,25% ao ano, no começo de maio. A previsão é que a taxa permaneça nesse patamar até o fim de 2020.

Metas para a inflação estabelecidas pelo Banco Central — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1
Metas para a inflação estabelecidas pelo Banco Central — Foto: Aparecido Gonçalves/Arte G1

Quatro regiões tiveram deflação

Das 16 áreas pesquisadas pelo IBGE, quatro tiveram deflação em março. O menor índice ficou com Goiânia (-0,74%), seguida por Porto Alegre (-0,32%), Brasília (-0,22%) e Belém (-0,16%).

Já as maiores variações foram registradas no municípios de Campo Grande (0,56%), Rio de Janeiro (0,46%), Aracaju (0,41%), São Luís (0,37%) e Recife (0,31%).

Em São Paulo, a inflação ficou em 0,09%.

INPC tem alta de 0,18% em março

O IBGE divulgou também o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referente às famílias com rendimento de um a cinco salários mínimos e que serve de referência para reajustes salariais. O indicador teve alta de 0,18% em março, acima do 0,17% registrado em fevereiro. No acumulado do ano, o INPC variou 0,54% e, nos últimos 12 meses, teve alta de 3,31%.

Fonte: G1

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