Jornal Povo

Mensagens em celular de miliciano do RJ corroboram venda de decisões judiciais de Siro Darlan, diz MPF

Um celular apreendido com o miliciano Mayson César Fideles, conhecido como Santana, corroborou a tese da venda de decisões judiciais do desembargador Siro Darlan, segundo o Ministério Público Federal (MPF).

O magistrado foi afastado do cargo nesta quinta-feira (9) e não se pronunciou até a publicação desta reportagem. A medida é uma das ações que desencadearam a segunda fase da Operação Plantão, que investiga venda de sentenças.

Renato Darlan, seu filho, foi preso na mesma operação, suspeito de influenciar desembargadores pela soltura de presos.

Outras três pessoas foram detidas na operação desta quinta. Todos seguiram para prisão domiciliar, por conta da pandemia de coronavírus.

Mayson havia sido preso numa operação da Polícia Civil contra a milícia que atua em Itaboraí. Ele é acusado de integrar o grupo comandado pelo miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica.

‘Ciro Darlam’

Com Mayson, os policiais apreenderam um aparelho que tinha conversas suspeitas, como mostraram o RJ2 e o G1 em setembro.

Um dos contatos salvos no celular do criminoso tinha o nome de “Ciro Darlam” e pertencia a Luiz Eduardo Soares, ex-motorista do desembargador que é apontado como seu intermediário.

“O MPF sustenta que as mensagens trocadas entre ‘Ciro Darlam’ (Luis Eduardo Soares) e (Mayson) ‘César’, por meio do aplicativo WhatsApp, corroboram a hipótese criminal de venda de decisões judiciais, que continuaram ocorrendo até data bem recente (julho de 2019)”, diz a decisão.

Cronologia da troca de mensagens, segundo MPF:

  • Mayson manda o número do habeas corpus para soltar um cabo da PM preso por permitir o tráfico de drogas
  • No mesmo dia, Luis Eduardo diz que vai encontrar uma pessoa. MPF diz que se trata do desembargador Siro Darlan
  • Mayson diz que vai receber metade do valor para a compra da decisão judicial
  • MPF diz que Mayson e Luis Eduardo dividiriam R$ 150 mil; outros R$ 100 mil ficariam para Siro Darlan

“Amigão, ficou 250, lembra? Você falou que ia botar 100 praí e 150 pra agente, entendeu? Vê se consegue mais aí pra agente, né? Porque o maluquinho lá, que fez a situação, vai querer um negocinho também, vai ter que dá alguma coisa pra ele, entendeu? Senão a gente fica chupando dedo”, diz uma das mensagens.

  • Os dois combinam um local de encontro para o repasse
  • Valor é renegociado para um total de R$ 280 mil
  • Luis Eduardo pede a Folha de Antecedentes Criminais e o comprovante de residência do policial que pode ser solto
  • Habeas corpus que seria julgado pelo desembargador e por outros juízes é negado
  • Mayson cobra que o valor seja devolvido

“A investigação revelou, ainda, que Luis Eduardo, assessor e preposto de Siro Darlan atua em várias frentes, sempre recebendo solicitações de César e de sua esposa, a advogada Tânia Monique Faial Correa, para que agisse em favor dos interesses de possíveis clientes de sua esposa e de outros advogados envolvidos com milicianos e traficantes”, diz um trecho da decisão.

Fonte: G1